Foi levantada a hipótese de que os BMs são causados por tração tangencial, bem como tração vitreorretiniana ântero-posterior da hialóide posterior na parafóvea. Os BMs são considerados uma complicação de um descolamento do vítreo posterior (DVP) em seus estágios iniciais. O BM foi implicado após procedimentos a laser do segmento anterior (como capsulotomia com YAG-laser e iridotomia com YAG-laser), que se acredita serem devidos à tração vitreorretiniana.
==Prevenção primária==
Não há medidas preventivas para BMs idiopáticos. A vitrectomia pars plana não demonstrou claramente ser eficaz na prevenção da formação de BM.
==Diagnóstico==
==História==
Pacientes com BMs geralmente se apresentam com mais de 60 anos de idade e as mulheres são mais freqüentemente afetadas. BMs idiopáticos ocorrem com uma incidência estimada de 8,69 olhos por 100.000 habitantes por ano em um estudo [2] . Uma história cuidadosa deve ser obtida para investigar qualquer um dos fatores de risco mencionados acima.
==Exame físico==
O exame com lâmpada de fenda com atenção especial para a mácula é importante na avaliação desse distúrbio (Figura 1). O sinal de Watzke-Allen pode ser usado como um teste clínico em casos de suspeita de buraco macular de espessura total, projetando um fino feixe de luz sobre a área de interesse. O paciente perceberia uma “quebra” no feixe de fenda nos casos de teste positivo.
O exame cuidadoso do outro olho também é recomendado, visto que os BMs são bilaterais em até 30% dos pacientes. [3] Atenção especial deve ser dada à interface vitreorretiniana, adelgaçamento macular involutivo e defeitos da janela epitelial pigmentar da retina porque esses são fatores de risco para o desenvolvimento de BM no outro olho. Pacientes sem DVP no outro olho têm um risco intermediário (até 28%) de desenvolver HBM [4] , enquanto pacientes com DVP têm baixo risco de desenvolver BM.
==Sinais==
==Terapia médica==
Em geral, a maioria dos casos de BM em estágio 1 pode ser seguidos de forma conservadora, com aproximadamente 50% de chance de fechamento espontâneo [7] . No entanto, se o paciente tiver STVM sintomática ou mesmo um buraco macular de espessura total com STVM associada, alguns podem considerar uma das seguintes opções de tratamento:
Ocriplasmina intravítrea.
A ocriplasmina é uma serina protease de 27 quilodaltons que realiza essencialmente a vitreólise farmacolítica, separando o hialóide da retina subjacente. No ensaio clínico MIVI-TRUST os olhos que receberam ocriplasmina (injetado por via intravítrea) exibiram maior liberação do anexo vitreorretiniano (endpoint primário, 26,5% vs. 10,1% nos controles que receberam uma injeção intravítrea do veículo da droga, p < 0,001) e fechamento do buraco macular (40,6% vs. 10,6%, p < 0,001) [8] . Houve alguns efeitos adversos raros relatados em associação com o uso deste medicamento, incluindo alterações na eletrorretinografia, subluxação do cristalino e discromatopsia.
Gás intravítreo ou ar.
Mais recentemente, alguns tiveram sucesso no tratamento de pacientes com um pequeno bolus de ar ou gás intravítreo injetado. Estudos de pesquisa estão em andamento, mas alguns relataram taxas de sucesso de até 83% para o fechamento da BMET [9] [10] .
Acompanhamento médico
Independentemente de qual tratamento seja seguido, o paciente deve ser acompanhado regularmente. Se o paciente tiver um gás expansível colocado no olho, o posicionamento de face para baixo é frequentemente recomendado por um curto período de tempo, e é importante lembrar ao paciente que ele não pode voar (de avião) ou estar em uma elevação > 750 metros até o gás se dissipar (que vai depender do tipo de gás utilizado, hexafluoreto de enxofre, perfluoro octano ou outros).
==Cirurgia==
A cirurgia envolve um procedimento de '''vitrectomia pars plana com tamponamento'''. Isso pode ser feito com ou sem delaminação da membrana limitante interna. Vários instrumentos diferentes podem ser usados para facilitar a remoção, incluindo fórceps intraocular, micropinças, instrumentos diamantados e outros instrumentos. Indocianina verde, azul brilhante ou acetato de triancinolona são corantes comumente usados para auxiliar na identificação da membrana limitante interna por coloração positiva ou negativa.
A maioria dos cirurgiões vitreorretinianos concordam que o tamponamento é importante, o tipo de tamponamento e a duração do posicionamento pós-operatório são debatidos. A importância da delaminação ("peeling") da membrana limitante interna com ou sem coloração também tem sido debatida. Mais recentemente, novas técnicas, incluindo a colocação de retalhos de MLI, enxertos retinianos neurossensoriais, membrana amniótica, plasma rico em plaquetas, soro autólogo, hidrodissecção perifoveal ou mesmo cápsulas de cristalino em buracos maiores foram relatadas com sucesso [11-16] .
==Acompanhamento cirúrgico==
O acompanhamento é semelhante para a maioria dos olhos após a cirurgia de vitrectomia pars plana. É importante que os pacientes entendam a importância do posicionamento pós-operatório. [17] Embora a duração do posicionamento tenha sido debatida, a maioria dos cirurgiões vitreorretinianos aconselha o posicionamento para melhorar a taxa de fechamento dos BMs. A melhora da acuidade visual não ocorre imediatamente em alguns pacientes. A melhora visual parece depender das características pré-operatórias, duração do BM, além de outros fatores.
==Complicações==
As complicações são semelhantes a todos os olhos submetidos à vitrectomia pars plana. Em particular, esses pacientes correm um risco maior de rotura e descolamento da retina. O vítreo é o mais aderido ao nervo óptico, mácula e base vítrea. Pacientes com buracos maculares podem ter inerentemente uma interface vitreorretiniana anormal e, portanto, durante certas etapas da vitrectomia, podem ter um risco maior de desenvolvimento de roturas ou descolamento da retina. Descolamentos regmatogênicos simultâneos da retina e da coroide em combinação com buracos maculares são caracterizados por hipotonia excepcional e visão deficiente. [18]
==Prognóstico==
O tratamento cirúrgico dos buracos maculares está padronizado conforme a Tabela SIGTAP no SUS como segue:
Procedimento: 04.05.03.014-2 - VITRECTOMIA POSTERIOR
==Referências==
Tsui J C, Marks S J (January 10, 2021) Unilateral Stage 1A Macular Hole Secondary to Low-Energy Nd:YAG Peripheral Iridotomy. Cureus 13(1): e12603. doi:10.7759/cureus.12603
Valores Serviço Ambulatorial: R$ 0Trempe CL, Weiter JJ,00 Serviço HospitalarFurukawa H. Fellow eyes in cases of macular hole: R$ 1biomicroscopic study of the vitreous.918,15 Total Ambulatorial: R$ 0,00 Serviço Profissional1986. Arch Ophthalmol 104: R$ 749,14 Total Hospitalar: R$ 293–95.667,29 ==Referências==
Gass JD. Idiopathic senile macular hole. Its early stages and pathogenesis. Arch Ophthalmol 1988;106:629-39.
== 1. Tsui J C, Marks S J (January 10, 2021) Unilateral Stage 1A Macular Hole Secondary to Low-Energy Nd:YAG Peripheral Iridotomy. Cureus 13(1): e12603. doi:10.7759/cureus.12603 2. McCannel CA, Ensminger JL, Diehl NN, Hodge, DN. Population Based Incidence of Macular Holes. Ophthalmology. 2009 Jul; 116(7): 1366–1369. 3. McDonnell PJ, Fine SL, Hillis AI. Clinical features of idiopathic macular cysts and holes. Am J Ophthalmol 1982;93(6):777-86. 4. Trempe CL, Weiter JJ, Furukawa H. Fellow eyes in cases of macular hole: biomicroscopic study of the vitreous. 1986. Arch Ophthalmol 104:93–95. 5. Gass JD. Idiopathic senile macular hole. Its early stages and pathogenesis. Arch Ophthalmol 1988;106:629-39. 6. Duker JS, Kaiser PK, Binder S, et al. The International Vitreomacular Traction Study Group Classification of Vitreomacular Adhesion, Traction, and Macular Hole. Ophthalmology. 2013;120:2611-2619. 7. la Cour M, Friis J. Macular holes: classification, epidemiology, natural history and treatment. Acta Ophthalmol Scand. 2002;80:579–587. 8. Stalmans P, Benz MS, Gandorfer A, Kampik A, Girach A, Pakola S, et al. Enzymatic vitreolysis with ocriplasmin for vitreomacular traction and macular holes. N Engl J Med. 2012;367(7):606–615. 9. Chan CK, Mein CE, Crosson JN. Pneumatic Vitreolysis for Management of Symptomatic Focal Vitreomacular Traction. Ophthalmic Vis Res. 2017;12(4):419-23. 10. Jorge R, Costa RA, Cardillo JA, Uno F, Bonomo PP, Farah ME. Optical coherence tomography evaluation of idiopathic macular hole treatment by gas-assisted posterior vitreous detachment. Am J Ophthalmol. 2006 Nov; 142(5):869-71. 11. Nawrocki J, Bonińska K, Michalewska Z. Managing Optic Pit. The Right Stuff! Retina. 2016 Dec;36(12):2430-2432. 12. Liggett PE, Skolik DS, Horio BS, et al. Human autologous serum for the treatment of full-thickness macular holes. A preliminary study. Ophthalmology. 1995;102:1071-6. 13. Konstantinidis A, Hero M, Nanos P, et al. Efficacy of autologous platelets in macular hole surgery. Clin Ophthalmol. 2013;7:745-50. 14. Chen SN, Yang CM. Lens capsular flap transplantation in the management of refractory macular hole from multiple etiologies. Retina. 2016;36:163-70. 15. Grewal DS, Mahmoud TH. Autologous neurosensory retinal free flap for closure of refractory myopic macular holes. JAMA Ophthalmol. 2016;134:229-30. 16. Meyer CH, Borny R, Horchi N. Subretinal fluid application to close a refractory full thickness macular hole. Int J Retina Vitreous. 2017 Nov 27;3:44. doi: 10.1186/s40942-017-0094-7. PMID: 29209516; PMCID: PMC5702967. 17. Dervenis N, Dervenis P, Sandinha T, Murphy DC, Steel DH. Intraocular Tamponade Choice with Vitrectomy and Internal Limiting Membrane Peeling for Idiopathic Macular Hole: A Systematic Review and Meta-analysis. Ophthalmol Retina. 2022 Jun;6(6):457-468. doi: 10.1016/j.oret.2022.01.023. Epub 2022 Feb 7. PMID: 35144020. 18. Tsui, Jonathan C MD1; Brucker, Alexander J MD1; Kolomeyer, Anton M MD, PhD1,2,*. Rhegmatogenous Retinal Detachment with concurrent Choroidal Detachment and Macular Hole Formation after Uncomplicated Cataract Extraction and Intraocular Lens Implantation – A Case Report and Review of Literature. Retinal Cases & Brief Reports: October 17, 2022 - Volume - Issue - 10.1097/ICB.0000000000001359 19. Abbey AM, Van Laere L, Shah AR, Hassan TS. RECURRENT MACULAR HOLES IN THE ERA OF SMALL-GAUGE VITRECTOMY: A Review of Incidence, Risk Factors, and Outcomes. Retina. 2017 May;37(5):921-924. ==
== Conteúdo do cabeçalho ==https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK559200/