Ablação térmica por radiofrequência

De InfoSUS
Revisão de 15h05min de 29 de julho de 2025 por Anonimo (Discussão | contribs) (Tratamento recomendado)
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Introdução

O câncer colorretal se desenvolve no intestino grosso e é um dos tumores malignos mais comuns do sistema gastrointestinal. A prevalência mundial do câncer colorretal foi estimada em 10% da população em 2020 e sua incidência vem aumentando ao longo dos anos. O câncer colorretal é o segundo tipo de câncer relacionado a maior mortalidade e a 9,4% das mortes por câncer, ficando s somente do câncer de pulmão.

É uma doença tratável e frequentemente curável quando localizada no intestino (sem extensão para outros órgãos) por ocasião do diagnóstico. A recorrência após o tratamento cirúrgico é um relevante evento clínico no curso da doença, constituindo-se nestes casos, em geral, na causa primária de morte. A maioria das mortes é decorrente da doença metastática, sendo o fígado o local mais comum de metástase. As metástases hepáticas estão presentes em 20% a 35% dos pacientes no momento do diagnóstico, sendo que mais da metade dos pacientes com câncer colorretal desenvolve metástases hepáticas durante a progressão da doença. Outros dados mostram que, quando as metástases hepáticas não são controladas, a sobrevida média desses pacientes é de 12 a 15 meses, enquanto a sobrevida em cinco anos é inferior a 5%.

Tratamento recomendado

O padrão de tratamento para os casos metastáticos (doença em estágio IV) consiste na terapia sistêmica e/ou ressecção cirúrgica.

Em geral, a terapia sistêmica, quando aplicada de forma isolada, não é curativa e não produz aumento significativo na sobrevida de longo prazo.

Por outro lado, o tratamento de quimioterapia pré-operatório da ressecção hepática pode ser considerado em pacientes com doenças ressecáveis, inicialmente sem indicação para ressecção, com intuito de reduzir as taxas de recorrência.

A ressecção cirúrgica é recomendada para metástases hepáticas isoladas, com o objetivo de melhorar a sobrevida livre de recidiva e sobrevida global. Dados de 1.012 pacientes submetidos à ressecção hepática mostraram uma taxa de sobrevida em cinco anos de 18,9% e de 15,8%, em dez anos. Neste estudo, após o primeiro ano, a taxa de mortalidade dos pacientes ressecados, em comparação com a população geral, começou a diminuir até se aproximar de zero, após seis anos da cirurgia.

Apesar dos benefícios da ressecção hepática, a porcentagem de pacientes que apresenta doença passível de cirurgia varia de 25% a menos de 10%, dependendo do tumor primário. Além disso, as ressecções hepáticas podem apresentar riscos e complicações cirúrgicas, aumentando a morbidade e mortalidade dessa população.

Nos últimos dez anos, as terapias locorregionais na doença hepática metastática demonstraram resultados promissores, como estratégias alternativas de tratamento para pacientes com tumores hepáticos irressecáveis.

São classificados como irressecáveis os pacientes que possuem doença hepática extensa ou devido a comorbidades, à idade avançada, localização desfavorável da lesão (ramos vasculares nobres ou estruturas biliares) que impedem a ressecção, multifocalidade tumoral ou baixa reserva hepática (cirrose, por exemplo).

Além de promissoras, as terapias locorregionais têm apresentado efeitos colaterais toleráveis quando comparadas ao tratamento padrão.

Terapias ablativas químicas e térmicas são exemplos de terapias locorregionais. Estas causam necrose tumoral por injeção de produtos químicos citotóxicos ou indutores de isquemia ou transmissão de energia térmica para o próprio tecido tumoral.

Para neoplasias hepáticas irressecáveis, várias modalidades ablativas estão disponíveis, sendo a mais frequente a ablação por radiofrequência (RFA, do inglês radiofrequency ablation). A RFA usa calor para destruir as células cancerígenas no fígado, por meio da colocação de um ou mais eletrodos no tumor. Os eletrodos são usados para aquecer o tumor com o objetivo de destrui-lo. A RFA pode ser aplicada através da pele ou durante a cirurgia.

Por outro lado, a ablação por micro-ondas (MWA, do inglês microwave ablation) refere-se ao uso de métodos eletromagnéticos que geram temperaturas intratumorais consistentemente mais altas, volumes maiores de ablação de tumor, tempos de ablação mais rápidos, capacidade de usar vários aplicadores, perfil de convecção aprimorado, aquecimento ideal de massas císticas e menos dor durante o procedimento.

A RFA é considerada menos adequada para lesões próximas a grandes vasos devido ao chamado efeito "dissipador de calor", levando a taxas de recorrência locais mais altas.

A MWA não depende da condução passiva de calor e, portanto, é frequentemente preferido em relação ao RFA para metástase hepática perivascular.