Mudanças entre as edições de "Medicamentos de Combate a AIDS e ao HIV - Antirretrovirais (ARV)"

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A notificação é obrigatória nos casos de infecção pelo HIV, infecção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera e criança exposta ao risco de transmissão vertical do HIV, conforme portaria vigente do Ministério da Saúde.
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A notificação é obrigatória nos casos de infecção pelo HIV, infecção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera e criança exposta ao risco de transmissão vertical do HIV, conforme portaria vigente do Ministério da Saúde <ref[https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/aids-hiv Ministério da Saúde: HIV/AIDS]</ref>.
  
 
== Tratamento ==
 
== Tratamento ==

Edição das 20h41min de 26 de março de 2025

Informações gerais

A infecção pelo HIV-1 geralmente ocorre por meio das mucosas do trato genital ou retal durante a relação sexual, quando o vírus e células infectadas atravessam a barreira mucosa e iniciam a infecção de linfócitos T-CD4+, macrófagos e células dendríticas. Nos primeiros dez dias (fase eclipse), o RNA viral ainda não é detectável, mas a resposta imune inata atrai mais células T, favorecendo a replicação e disseminação do vírus para os linfonodos e sistemicamente, culminando em um pico de viremia entre 21 e 28 dias, acompanhado de uma queda acentuada dos linfócitos T-CD4+.

Embora haja ativação dos linfócitos T-CD8+ que exercem controle parcial, essa resposta é insuficiente para eliminar a infecção, que se torna crônica. Inicialmente, o organismo produz anticorpos do tipo IgM, que, devido à exposição contínua aos mesmos antígenos, são gradualmente substituídos por IgG de alta afinidade. Esse aumento de afinidade, decorrente de mutações somáticas e seleção positiva dos linfócitos B, é a base para testes laboratoriais que distinguem infecções recentes das crônicas [1].

Com a adesão rigorosa ao tratamento antirretroviral, os indivíduos podem alcançar uma carga viral indetectável e, segundo o Ministério da Saúde e evidências recentes publicadas, essa condição elimina o risco de transmissão do HIV, confirmando o princípio “U=U” (Undetectable = Untransmittable) [2][3].

Classificação filogenética do HIV

A classificação do HIV é feita analisando o seu material genético, o que permite organizar o vírus em categorias que ajudam a entender seu comportamento e sua transmissão. Em termos simples, existem dois tipos principais: o HIV-1, que é o mais comum, e o HIV-2.

O HIV-1 é subdividido em grupos e subtipos. Por exemplo, a maioria das infecções ocorre com o grupo M, que inclui nove subtipos (como o subtipo B, predominante no Brasil) e, em alguns casos, esses subtipos podem se dividir em grupos menores. Além disso, quando uma pessoa é infectada por mais de um subtipo, pode ocorrer a mistura do material genético dos vírus, formando novas variantes chamadas formas recombinantes. Se essa nova forma for identificada em três ou mais pessoas sem relação entre si, ela é classificada como forma recombinante circulante (CRF); uma lista dessas formas pode ser consultada no Los Alamos HIV Database. Essa variação genética é importante, pois influencia como o vírus se comporta, se espalha e como os testes reagem a ele. O HIV-2, por sua vez, é menos comum e é dividido em oito grupos [4].

Diagnóstico

Conforme o Manual Técnico para o diagnóstico da infecção pelo HIV em adultos e crianças, as estratégias de testagem para o HIV têm como objetivo aprimorar a qualidade e a rapidez do diagnóstico, especialmente em casos de infecção recente. Para isso, são utilizados diferentes métodos, que podem ser agrupados em três categorias principais:

  • Imunoensaio: a) Primeira geração: Utiliza um formato indireto para detectar anticorpos IgG específicos; b) Segunda geração: Também em formato indireto, emprega antígenos recombinantes ou peptídeos sintéticos derivados do HIV; c) Terceira geração: Adota o formato “sanduíche”, permitindo a detecção simultânea de anticorpos IgM e IgG; d) Quarta geração: Combina a detecção de anticorpos (no formato “sanduíche”) com a identificação do antígeno p24, abrangendo todas as classes de imunoglobulinas.
  • Testes Rápidos: São imunoensaios simples que fornecem resultados em até 30 minutos. Geralmente realizados presencialmente em ambientes não laboratoriais, utilizam amostras de sangue total obtidas por punção digital ou fluido oral.
  • Testes Complementares: Incluem métodos como western blot, imunoblot, imunoensaios em linha e imunofluorescência indireta, além dos testes moleculares. Esses métodos auxiliam na confirmação do diagnóstico, principalmente em infecções agudas, quando pode haver reatividade no teste de quarta geração associada à ausência de anticorpos circulantes.

Essas abordagens integradas permitem um diagnóstico mais seguro e célere da infecção pelo HIV, contribuindo para o manejo e controle da doença.

Notificação

A notificação é obrigatória nos casos de infecção pelo HIV, infecção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera e criança exposta ao risco de transmissão vertical do HIV, conforme portaria vigente do Ministério da Saúde <refMinistério da Saúde: HIV/AIDS</ref>.

Tratamento

A recomendação de início precoce da terapia antirretroviral (TARV) considera, além dos claros benefícios relacionados à redução da morbimortalidade em PVHIV, a diminuição da transmissão da infecção, o impacto na redução da tuberculose – a qual constitui principal causa infecciosa de óbitos em PVHIV no Brasil e no mundo – e a disponibilidade de opções terapêuticas mais cômodas e bem toleradas.

O acesso universal e gratuito aos medicamentos antirretrovirais é política prioritária do Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais (Ministério da Saúde) desde 1996.

Medicamentos antireetrovirais combatem a multiplicação do HIV e fortalecem o sistema imunológico. A TARV reduz significativamente a mortalidade e o número de internações e infecções por doenças oportunistas, que aproveitam a fraqueza do sistema imunológico para atacar o organismo.

Para o gerenciamento logístico desses medicamentos, desde 1997 foi implementado o Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM), com responsabilidades compartilhadas entre as esferas federal, estadual e municipal, com vistas ao abastecimento adequado da rede pública de saúde. [5]

Além dos pacientes cadastrados no SICLOM, outras pessoas poderão receber medicamentos, tais como: aqueles que sofreram Exposição Ocupacional e Sexual, cuja situação da exposição possa representar um risco qualquer de contágio com o vírus da AIDS; mulheres gestantes HIV+, que deverão receber medicamentos prescritos para o momento do parto para evitar a transmissão vertical e recém-nascidos de mães HIV+, que deverão receber medicamentos por um período determinado, para impedir que venham a apresentar sintomas da doença.

Para dispensar medicamento a qualquer categoria de usuário é obrigatório a apresentação do formulário de solicitação de Medicamentos devidamente preenchido e assinado pelo médico. No momento da dispensa o usuário assina atestando o recebimento e o farmacêutico responsável confirmando a entrega.

Os seguintes medicamentos são disponibilizados por meio do Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica para portadores de HIV/AIDS:

- Abacavir, sulfato de;

- Aciclovir;

- Folinato de cálcio (ácido folínico);

- Ácido tricloroacético;

- Anfotericina B;

- Artesunato;

- Atazanavir;

- Benzilpenicilina Benzatina;

- Ceftriaxona;

- Ciprofloxacino, cloridrato;

- Dapsona;

- Darunavir;

- Dolutegravir;

- Efavirenz;

- Emtricitabina + Tenofovor;

- Enfuvirtida;

- Etravirina;

- Fluconazol;

- Ganciclovir;

- Itraconazol;

- Lamivudina;

- Lopinavir + Ritonavir;

- Maraviroque;

- Nevirapina;

- Podofilina;

- Primaquina;

- Raltegravir;

- Rifabutina;

- Ritonavir;

- Sulfametoxazol + Trimetoprima;

- Tenofovir + Lamivudina + Efavirenz;

- Tenofovir + Lamivudina;

- Tenofovir;

- Tipranavir;

- Zidovudina;

- Zidovudina + Lamivudina.

Clique aqui para consultar o os locais responsáveis pela distribuição de medicamentos ARV. [Não é necessário login e senha].

Referências

  1. Manual Técnico para o diagnóstico da infecção pelo HIV em adultos e crianças
  2. Ministério da Saúde: HIV/AIDS
  3. Lancet HIV
  4. Manual Técnico para o diagnóstico da infecção pelo HIV em adultos e crianças
  5. Ministério da Saúde – Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais