Mudanças entre as edições de "Medicamentos de Combate a AIDS e ao HIV - Antirretrovirais (ARV)"
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Edição das 20h41min de 26 de março de 2025
Índice
Informações gerais
A infecção pelo HIV-1 geralmente ocorre por meio das mucosas do trato genital ou retal durante a relação sexual, quando o vírus e células infectadas atravessam a barreira mucosa e iniciam a infecção de linfócitos T-CD4+, macrófagos e células dendríticas. Nos primeiros dez dias (fase eclipse), o RNA viral ainda não é detectável, mas a resposta imune inata atrai mais células T, favorecendo a replicação e disseminação do vírus para os linfonodos e sistemicamente, culminando em um pico de viremia entre 21 e 28 dias, acompanhado de uma queda acentuada dos linfócitos T-CD4+.
Embora haja ativação dos linfócitos T-CD8+ que exercem controle parcial, essa resposta é insuficiente para eliminar a infecção, que se torna crônica. Inicialmente, o organismo produz anticorpos do tipo IgM, que, devido à exposição contínua aos mesmos antígenos, são gradualmente substituídos por IgG de alta afinidade. Esse aumento de afinidade, decorrente de mutações somáticas e seleção positiva dos linfócitos B, é a base para testes laboratoriais que distinguem infecções recentes das crônicas [1].
Com a adesão rigorosa ao tratamento antirretroviral, os indivíduos podem alcançar uma carga viral indetectável e, segundo o Ministério da Saúde e evidências recentes publicadas, essa condição elimina o risco de transmissão do HIV, confirmando o princípio “U=U” (Undetectable = Untransmittable) [2][3].
Classificação filogenética do HIV
A classificação do HIV é feita analisando o seu material genético, o que permite organizar o vírus em categorias que ajudam a entender seu comportamento e sua transmissão. Em termos simples, existem dois tipos principais: o HIV-1, que é o mais comum, e o HIV-2.
O HIV-1 é subdividido em grupos e subtipos. Por exemplo, a maioria das infecções ocorre com o grupo M, que inclui nove subtipos (como o subtipo B, predominante no Brasil) e, em alguns casos, esses subtipos podem se dividir em grupos menores. Além disso, quando uma pessoa é infectada por mais de um subtipo, pode ocorrer a mistura do material genético dos vírus, formando novas variantes chamadas formas recombinantes. Se essa nova forma for identificada em três ou mais pessoas sem relação entre si, ela é classificada como forma recombinante circulante (CRF); uma lista dessas formas pode ser consultada no Los Alamos HIV Database. Essa variação genética é importante, pois influencia como o vírus se comporta, se espalha e como os testes reagem a ele. O HIV-2, por sua vez, é menos comum e é dividido em oito grupos [4].
Diagnóstico
Conforme o Manual Técnico para o diagnóstico da infecção pelo HIV em adultos e crianças, as estratégias de testagem para o HIV têm como objetivo aprimorar a qualidade e a rapidez do diagnóstico, especialmente em casos de infecção recente. Para isso, são utilizados diferentes métodos, que podem ser agrupados em três categorias principais:
- Imunoensaio: a) Primeira geração: Utiliza um formato indireto para detectar anticorpos IgG específicos; b) Segunda geração: Também em formato indireto, emprega antígenos recombinantes ou peptídeos sintéticos derivados do HIV; c) Terceira geração: Adota o formato “sanduíche”, permitindo a detecção simultânea de anticorpos IgM e IgG; d) Quarta geração: Combina a detecção de anticorpos (no formato “sanduíche”) com a identificação do antígeno p24, abrangendo todas as classes de imunoglobulinas.
- Testes Rápidos: São imunoensaios simples que fornecem resultados em até 30 minutos. Geralmente realizados presencialmente em ambientes não laboratoriais, utilizam amostras de sangue total obtidas por punção digital ou fluido oral.
- Testes Complementares: Incluem métodos como western blot, imunoblot, imunoensaios em linha e imunofluorescência indireta, além dos testes moleculares. Esses métodos auxiliam na confirmação do diagnóstico, principalmente em infecções agudas, quando pode haver reatividade no teste de quarta geração associada à ausência de anticorpos circulantes.
Essas abordagens integradas permitem um diagnóstico mais seguro e célere da infecção pelo HIV, contribuindo para o manejo e controle da doença.
Notificação
A notificação é obrigatória nos casos de infecção pelo HIV, infecção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera e criança exposta ao risco de transmissão vertical do HIV, conforme portaria vigente do Ministério da Saúde <refMinistério da Saúde: HIV/AIDS</ref>.
Tratamento
A recomendação de início precoce da terapia antirretroviral (TARV) considera, além dos claros benefícios relacionados à redução da morbimortalidade em PVHIV, a diminuição da transmissão da infecção, o impacto na redução da tuberculose – a qual constitui principal causa infecciosa de óbitos em PVHIV no Brasil e no mundo – e a disponibilidade de opções terapêuticas mais cômodas e bem toleradas.
O acesso universal e gratuito aos medicamentos antirretrovirais é política prioritária do Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais (Ministério da Saúde) desde 1996.
Medicamentos antireetrovirais combatem a multiplicação do HIV e fortalecem o sistema imunológico. A TARV reduz significativamente a mortalidade e o número de internações e infecções por doenças oportunistas, que aproveitam a fraqueza do sistema imunológico para atacar o organismo.
Para o gerenciamento logístico desses medicamentos, desde 1997 foi implementado o Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM), com responsabilidades compartilhadas entre as esferas federal, estadual e municipal, com vistas ao abastecimento adequado da rede pública de saúde. [5]
Além dos pacientes cadastrados no SICLOM, outras pessoas poderão receber medicamentos, tais como: aqueles que sofreram Exposição Ocupacional e Sexual, cuja situação da exposição possa representar um risco qualquer de contágio com o vírus da AIDS; mulheres gestantes HIV+, que deverão receber medicamentos prescritos para o momento do parto para evitar a transmissão vertical e recém-nascidos de mães HIV+, que deverão receber medicamentos por um período determinado, para impedir que venham a apresentar sintomas da doença.
Para dispensar medicamento a qualquer categoria de usuário é obrigatório a apresentação do formulário de solicitação de Medicamentos devidamente preenchido e assinado pelo médico. No momento da dispensa o usuário assina atestando o recebimento e o farmacêutico responsável confirmando a entrega.
Os seguintes medicamentos são disponibilizados por meio do Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica para portadores de HIV/AIDS:
- Aciclovir;
- Folinato de cálcio (ácido folínico);
- Ácido tricloroacético;
- Artesunato;
- Atazanavir;
- Ceftriaxona;
- Dapsona;
- Darunavir;
- Dolutegravir;
- Efavirenz;
- Emtricitabina + Tenofovor;
- Enfuvirtida;
- Etravirina;
- Fluconazol;
- Ganciclovir;
- Itraconazol;
- Lamivudina;
- Maraviroque;
- Nevirapina;
- Podofilina;
- Primaquina;
- Raltegravir;
- Rifabutina;
- Ritonavir;
- Sulfametoxazol + Trimetoprima;
- Tenofovir + Lamivudina + Efavirenz;
- Tenofovir + Lamivudina;
- Tenofovir;
- Tipranavir;
- Zidovudina;
- Zidovudina + Lamivudina.
Clique aqui para consultar o os locais responsáveis pela distribuição de medicamentos ARV. [Não é necessário login e senha].