Mudanças entre as edições de "Medicamentos de Combate a AIDS e ao HIV - Antirretrovirais (ARV)"

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(Classificação filogenética do HIV)
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== Classificação filogenética do HIV ==  
 
== Classificação filogenética do HIV ==  
  
A classificação do HIV é feita por meio da análise filogenética de sequências nucleotídicas dos vírus. A classificação atual é hierárquica e consiste em tipos, grupos, subtipos,
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A classificação do HIV é feita analisando o seu material genético, o que permite organizar o vírus em categorias que ajudam a entender seu comportamento e sua transmissão. '''Em termos simples, existem dois tipos principais: o HIV-1, que é o mais comum, e o HIV-2'''.  
sub-subtipos e formas recombinantes. O HIV-1 e o HIV-2 são tipos distintos do vírus, mais distantes filogeneticamente.
 
  
'''HIV-1''': subdividido em quatro grupos: MG, NG, OG (o mais divergente dentre os grupos) e PG. A maioria das infecções ocorre com HIV-1 do grupo M, que se diferencia em nove subtipos (A, B - o mais prevalente no Brasil, C, D, F, G, H, J e K). Os subtipos A e F, por sua vez, são subdivididos em cinco (A1, A2, A3, A4, e A6) e dois (F1 e F2) subtipos, respectivamente.
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O HIV-1 é subdividido em grupos e subtipos. Por exemplo, a maioria das infecções ocorre com o grupo M, que inclui nove subtipos (como o subtipo B, predominante no Brasil) e, em alguns casos, esses subtipos podem se dividir em grupos menores. Além disso, quando uma pessoa é infectada por mais de um subtipo, pode ocorrer a mistura do material genético dos vírus, formando novas variantes chamadas formas recombinantes. Se essa nova forma for identificada em três ou mais pessoas sem relação entre si, ela é classificada como forma recombinante circulante (CRF); uma lista dessas formas pode ser consultada no [https://www.hiv.lanl.gov/components/sequence/HIV/crfdb/crfs.comp ''Los Alamos HIV Database'']. Essa variação genética é importante, pois influencia como o vírus se comporta, se espalha e como os testes reagem a ele. O HIV-2, por sua vez, é menos comum e é dividido em oito grupos <ref>[https://www.gov.br/aids/pt-br/central-de-conteudo/publicacoes/2018/manual_tecnico_hiv_27_11_2018_web.pdf Manual Técnico para o diagnóstico da infecção pelo HIV em adultos e crianças]</ref>.
 
 
Quando uma pessoa é portadora de uma infecção mista, composta por dois ou mais vírus de linhagens (subtipos) diferentes, pode ocorrer a transferência de material genético entre eles, dando origem às formas recombinantes (FR). Caso a transmissão de uma FR tenha sido documentada em mais de três indivíduos não relacionados epidemiologicamente, esta passa a ser
 
denominada como CRF (forma recombinante circulante, do inglês circulating recombinant form).
 
 
 
A lista das CRF existentes pode ser acompanhada no endereço: https://www.hiv.lanl.gov/content/sequence/HIV/CRFs/CRFs.html.  
 
 
 
A variação genética do HIV tem implicações na biologia e transmissão do vírus, na evolução clínica, na reatividade e nas reações cruzadas em testes diagnósticos que detectem
 
a presença de anticorpos específicos para os antígenos virais.  
 
 
 
'''HIV-2''': subdividido em oito grupos: AG, BG, CG, DG, EG, FG, GG, e HG.
 
  
 
== Diagnóstico ==
 
== Diagnóstico ==

Edição das 20h32min de 26 de março de 2025

Informações gerais

A infecção pelo HIV-1 geralmente ocorre por meio das mucosas do trato genital ou retal durante a relação sexual, quando o vírus e células infectadas atravessam a barreira mucosa e iniciam a infecção de linfócitos T-CD4+, macrófagos e células dendríticas. Nos primeiros dez dias (fase eclipse), o RNA viral ainda não é detectável, mas a resposta imune inata atrai mais células T, favorecendo a replicação e disseminação do vírus para os linfonodos e sistemicamente, culminando em um pico de viremia entre 21 e 28 dias, acompanhado de uma queda acentuada dos linfócitos T-CD4+.

Embora haja ativação dos linfócitos T-CD8+ que exercem controle parcial, essa resposta é insuficiente para eliminar a infecção, que se torna crônica. Inicialmente, o organismo produz anticorpos do tipo IgM, que, devido à exposição contínua aos mesmos antígenos, são gradualmente substituídos por IgG de alta afinidade. Esse aumento de afinidade, decorrente de mutações somáticas e seleção positiva dos linfócitos B, é a base para testes laboratoriais que distinguem infecções recentes das crônicas [1].

Com a adesão rigorosa ao tratamento antirretroviral, os indivíduos podem alcançar uma carga viral indetectável e, segundo o Ministério da Saúde e evidências recentes publicadas, essa condição elimina o risco de transmissão do HIV, confirmando o princípio “U=U” (Undetectable = Untransmittable) [2][3].

Classificação filogenética do HIV

A classificação do HIV é feita analisando o seu material genético, o que permite organizar o vírus em categorias que ajudam a entender seu comportamento e sua transmissão. Em termos simples, existem dois tipos principais: o HIV-1, que é o mais comum, e o HIV-2.

O HIV-1 é subdividido em grupos e subtipos. Por exemplo, a maioria das infecções ocorre com o grupo M, que inclui nove subtipos (como o subtipo B, predominante no Brasil) e, em alguns casos, esses subtipos podem se dividir em grupos menores. Além disso, quando uma pessoa é infectada por mais de um subtipo, pode ocorrer a mistura do material genético dos vírus, formando novas variantes chamadas formas recombinantes. Se essa nova forma for identificada em três ou mais pessoas sem relação entre si, ela é classificada como forma recombinante circulante (CRF); uma lista dessas formas pode ser consultada no Los Alamos HIV Database. Essa variação genética é importante, pois influencia como o vírus se comporta, se espalha e como os testes reagem a ele. O HIV-2, por sua vez, é menos comum e é dividido em oito grupos [4].

Diagnóstico

As estratégias de testagem têm o objetivo de melhorar a qualidade do diagnóstico da infecção recente pelo HIV e, ao mesmo tempo, de fornecer uma base racional para assegurar que o diagnóstico seja seguro e concluído rapidamente.

Os testes mais comumente utilizados no diagnóstico da infecção pelo HIV são:

Imunoensaio:

- Primeira geração: formato indireto, ou seja, a presença de anticorpos específicos é detectada por um conjugado constituído por um anticorpo anti-IgG humana;

- Segunda geração: formato indireto, porém utiliza antígenos recombinantes ou peptídeos sintéticos derivados de proteínas do HIV;

- Terceira geração: o formato “sanduíche” (ou imunométrico). A característica desse ensaio é utilizar antígenos recombinantes ou peptídeos sintéticos tanto na fase sólida quanto sob a forma de conjugado. Esse formato permite a detecção simultânea de anticorpos anti-HIV IgM e IgG;

- Quarta geração: detecta simultaneamente o antígeno p24 e anticorpos específicos anti-HIV. O componente de detecção de anticorpo tem o formato de “sanduíche”; portanto, detecta todas as classes de imunoglobulinas contra proteínas recombinantes ou peptídeos sintéticos derivados das glicoproteínas gp41 e gp120/160.

Testes rápidos: são imunoensaios simples, com resultados em até 30 minutos, realizados preferencialmente de forma presencial (teste realizado na presença do indivíduo ou presencial) em ambiente não laboratorial com amostra de sangue total obtida por punção digital ou amostra de fluido oral.

Testes complementares: utilizam diferentes formatos e princípios. Estão incluídos nessa categoria: western blot (WB), imunoblot (IB) ou imunoensaios em linha (LIA), incluindo o imunoblot rápido (IBR) e imunofluorescência indireta (IFI). Mais recentemente, os testes moleculares (TM) também foram incluídos como testes complementares, uma vez que auxiliam no esclarecimento dos resultados da infeção aguda pelo HIV, como nos casos de reatividade no teste de 4ª geração por detecção do antígeno (p24) e ausência de anticorpos circulantes.

Notificação

A notificação é obrigatória nos casos de infecção pelo HIV, infecção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera e criança exposta ao risco de transmissão vertical do HIV, conforme portaria vigente do Ministério da Saúde.

Tratamento

A recomendação de início precoce da terapia antirretroviral (TARV) considera, além dos claros benefícios relacionados à redução da morbimortalidade em PVHIV, a diminuição da transmissão da infecção, o impacto na redução da tuberculose – a qual constitui principal causa infecciosa de óbitos em PVHIV no Brasil e no mundo – e a disponibilidade de opções terapêuticas mais cômodas e bem toleradas.

O acesso universal e gratuito aos medicamentos antirretrovirais é política prioritária do Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais (Ministério da Saúde) desde 1996.

Medicamentos antireetrovirais combatem a multiplicação do HIV e fortalecem o sistema imunológico. A TARV reduz significativamente a mortalidade e o número de internações e infecções por doenças oportunistas, que aproveitam a fraqueza do sistema imunológico para atacar o organismo.

Para o gerenciamento logístico desses medicamentos, desde 1997 foi implementado o Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM), com responsabilidades compartilhadas entre as esferas federal, estadual e municipal, com vistas ao abastecimento adequado da rede pública de saúde. [5]

Além dos pacientes cadastrados no SICLOM, outras pessoas poderão receber medicamentos, tais como: aqueles que sofreram Exposição Ocupacional e Sexual, cuja situação da exposição possa representar um risco qualquer de contágio com o vírus da AIDS; mulheres gestantes HIV+, que deverão receber medicamentos prescritos para o momento do parto para evitar a transmissão vertical e recém-nascidos de mães HIV+, que deverão receber medicamentos por um período determinado, para impedir que venham a apresentar sintomas da doença.

Para dispensar medicamento a qualquer categoria de usuário é obrigatório a apresentação do formulário de solicitação de Medicamentos devidamente preenchido e assinado pelo médico. No momento da dispensa o usuário assina atestando o recebimento e o farmacêutico responsável confirmando a entrega.

Os seguintes medicamentos são disponibilizados por meio do Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica para portadores de HIV/AIDS:

- Abacavir, sulfato de;

- Aciclovir;

- Folinato de cálcio (ácido folínico);

- Ácido tricloroacético;

- Anfotericina B;

- Artesunato;

- Atazanavir;

- Benzilpenicilina Benzatina;

- Ceftriaxona;

- Ciprofloxacino, cloridrato;

- Dapsona;

- Darunavir;

- Dolutegravir;

- Efavirenz;

- Emtricitabina + Tenofovor;

- Enfuvirtida;

- Etravirina;

- Fluconazol;

- Ganciclovir;

- Itraconazol;

- Lamivudina;

- Lopinavir + Ritonavir;

- Maraviroque;

- Nevirapina;

- Podofilina;

- Primaquina;

- Raltegravir;

- Rifabutina;

- Ritonavir;

- Sulfametoxazol + Trimetoprima;

- Tenofovir + Lamivudina + Efavirenz;

- Tenofovir + Lamivudina;

- Tenofovir;

- Tipranavir;

- Zidovudina;

- Zidovudina + Lamivudina.

Clique aqui para consultar o os locais responsáveis pela distribuição de medicamentos ARV. [Não é necessário login e senha].

Referências

  1. Manual Técnico para o diagnóstico da infecção pelo HIV em adultos e crianças
  2. Ministério da Saúde: HIV/AIDS
  3. Lancet HIV
  4. Manual Técnico para o diagnóstico da infecção pelo HIV em adultos e crianças
  5. Ministério da Saúde – Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais