Teste de detecção de HLA-B27
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INTRODUÇÃO
A Espondiloartrite Axial (EpA) é uma doença inflamatória crônica, de origem autoimune, que acomete preferencialmente a coluna vertebral, mas também articulações periféricas, ênteses(conexões de tendões ou ligamentos ao osso) e locais extra-articulares, como o olho e o intestino.
É caracterizada por dor intensa, enrijecimento das articulações (anquilose) com inflamação nas inserções dos tendões e limitação funcional progressiva, provocando danos estruturais irreversíveis das articulações sacroilíacas e espinhais, que cursam com alterações radiográficas e formação óssea excessiva. A evolução da artropatia pode levar à fusão espinhal e causar incapacidade extrema, com perda de mobilidade da coluna vertebral, pelve e região lombar.
Nas formas mais iniciais da doença, nas quais o dano estrutural é menor ou inexistente, muitas vezes não perceptível em radiografias, é possível a detecção por ressonância magnética, pela visualização de sinais inflamatórios articulares, como sacroileíte.
Essas manifestações podem ser classificadas genericamente como EpA, as quais compreendem tanto a EpA radiográfica (anteriormente conhecida como espondilite anquilosante ou ancilosante) quanto a EpA não radiográfica.
A principal diferença entre as duas é a presença ou a ausência de alterações estruturais na coluna e nas articulações sacrilíacas, definidas e identificáveis por radiografia.
As manifestações clínicas incluem sintomas axiais, como dor lombar inflamatória, e sintomas periféricos, como artrite, entesite e dactilite. O sintoma inicial da EpA costuma ser lombalgia, caracterizada por dor noturna, de início insidioso, que não melhora com repouso (mas melhora com exercícios).
A doença esquelética pode ser acompanhada também por manifestações extra-articulares, como uveíte, psoríase, doença inflamatória intestinal, insuficiência aórtica, distúrbios de condução cardíaca, fibrose de lobos pulmonares superiores, compressão nervosa ou neurite, nefropatia ou amiloidose renal secundária. A primeira é a manifestação extra esquelética mais comum, acometendo até 40% dos pacientes.
A gravidade da artralgia, da rigidez, a limitação da flexibilidade e o grau de incapacidade variam entre os pacientes.
Contudo, a progressão da doença leva à deterioração da qualidade de vida dos pacientes, que lhes impõem carga física e social substancial.
Muitos pacientes jovens sofrem com a perda progressiva de sua capacidade laboral, o que pode resultar em aposentadoria precoce, gerando custos adicionais à previdência e importante ônus socioeconômico.
Desta forma, o tratamento da doença tem por objetivo aliviar os sintomas, melhorar a capacidade funcional, manter a capacidade laboral e/ou escolar, diminuir as complicações e prevenir ao máximo o dano esquelético do indivíduo.
A identificação da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e oportuno para o atendimento especializado são os requisitos necessários para um bom resultado terapêutico e prognóstico dos casos.
Diagnóstico da espondiloartrite axial
De acordo com o PCDT vigente, “Inexistem critérios diagnósticos para EA, mas critérios de classificação facilitam a identificação das características mais importantes para o diagnóstico”.
Os critérios ASAS (Assessment of SpondyloArthritis International Society) permitem a inclusão de pacientes ainda sem dano estrutural, e os critérios de classificação modificados de Nova Iorque, a inclusão de pacientes já com alterações radiográficas, numa fase mais avançada da doença.
Na prática assistencial, ambos podem ser empregados, mas a tendência atual é usar preferencialmente os critérios ASAS.
O antígeno HLA-B27 está fortemente correlacionado com o aparecimento da doença, e um teste positivo para esse marcador é encontrado em 80% a 98% dos casos.
No Brasil, diversos estudos sugerem que os portadores do antígeno HLA-B27 representam em torno de 60-70% dos pacientes.
No Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Espondilite Ancilosante atual (Portaria nº 25, de 22/10/2018), os critérios diagnósticos ASAS contemplarem o teste HLA-B27, que, entretanto, não está disponível no SUS.
Teste para detecção do HLA-B27
Antígenos são elementos cuja presença desencadeia uma resposta do sistema imunológico, que reage produzindo anticorpos. As células do próprio organismo também possuem antígenos, no entanto, esses não costumam provocar respostas imunológicas. Entretanto, no caso das doenças autoimunes, o organismo reage contra suas próprias células e tecidos, produzindo anticorpos para combatê-los, o que gera inflamações e pode causar danos.
O HLA-B27 é um antígeno cuja presença costuma ser detectada na maioria dos casos de EpA. Estudos no Brasil indicam que o HLA-B27 é encontrado em cerca de 60 a 70% das pessoas com a doença, sendo importante, por isso, detectar a sua presença no organismo de pessoas com suspeita de EpA a fim de confirmar o diagnóstico e definir o tratamento adequado
Foram identificados três registros vigentes na ANVISA. De acordo com um desses fabricantes de Kits de teste HLA-B27, o HLA-B27 é “um antígeno leucocitário humano cuja presença está fortemente associada com o desenvolvimento das espondiloartrites: espondilite anquilosante, artrite psoriásica, artrite reativa e artrite associada à doença inflamatória intestinal.
RECOMENDAÇÃO DA CONITEC
Os membros do Comitê de Produtos e Procedimentos presentes na 127ª Reunião Ordinária da Conitec deliberaram, por unanimidade, recomendar a incorporação do teste de detecção de HLAB27 para indivíduos com suspeita de espondiloartrite axial, conforme Protocolo Clínico do Ministério da Saúde. O Comitê concluiu que o teste aumenta a acurácia quando associado a outras estratégias diagnósticas, com o potencial de ser custo-efetivo.
Foi assinado o Registro de Deliberação nº 888/2024.
A PORTARIA SECTICS/MS Nº 18, DE 18 DE ABRIL DE 2024 torna pública a decisão de incorporar, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, o teste de detecção de HLA-B27 para indivíduos com suspeita de espondiloartrite axial, conforme Protocolo Clínico do Ministério da Saúde.