Teste de Provocação Oral para Alergia à Proteína do Leite de Vaca
Índice
Informações Sobre a Doença
A APLV é caracterizada pela reação do sistema imunológico às proteínas do leite, principalmente à caseína (proteína do coalho) e às proteínas do soro do leite (alfa-lactoalbumina e beta-lactoglobulina).
Os sintomas, em geral, se desenvolvem após a introdução do leite de vaca (LV), fórmulas alimentares ou alimentos à base de LV (por exemplo, mingau de aveia ou leite com outros tipos de engrossantes ou farinhas). Embora crianças em aleitamento materno exclusivo possam entrar em contato com a proteína do LV pelo leite materno, uma vez que a mulher que amamenta consuma LV e seus derivados, um pequeno número destas crianças reagem à essa proteína e desenvolvem APLV.
O diagnóstico da APLV é realizado a partir da ocorrência de história clínica sugestiva da APLV, desaparecimento dos sintomas em 1 a 30 dias após exclusão da proteína do leite de vaca (fase de exclusão) da dieta e reaparecimento dos sintomas após reapresentação da proteína do leite de vaca, por meio do teste de provocação oral (TPO).
O TPO consiste na oferta progressiva do alimento suspeito e/ou placebo, em intervalos regulares, sob supervisão médica para monitoramento de possíveis reações clínicas, após um período de exclusão dietética necessário para resolução dos sintomas clínicos.[1]
O Relatório de Recomentação para o Teste de Provocação Oral para Alergia à Proteína do Leite de Vaca
A PORTARIA SCTIE/MS nº 32/2022 - Publicada em 01/04/2022 [2] aprovou o Teste de provocação oral para alergia à proteína do leite de vaca.
- Critérios de Inclusão:
PORTARIA SCTIE/MS Nº 32, DE 31 DE MARÇO DE 2022 Torna pública a decisão de incorporar, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, o teste de provocação oral (TPO) para o diagnóstico e monitoramento de pacientes até 24 meses com alergia à proteína do leite de vaca (APLV).
Conforme determina o art. 25 do Decreto nº 7.646/2011, as áreas técnicas terão o prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias para efetivar a oferta no SUS.
O Relatório de Recomendação da CONITEC
Em todos os trabalhos apresentados neste relatório, o TPO, quer seja o aberto ou duplo-cego, é visto, com unanimidade, como o método padrão-ouro dentro do processo de diagnóstico da APLV, mesmo não tendo sido investigado como objeto de estudo em nenhum dos trabalhos incluídos.
Contudo, existem divergências quanto sua aplicação nas diferentes diretrizes, sendo que a maioria aponta sua realização apenas no contexto clínico, com a ressalva sobre a possibilidade de surgimento de evento adverso. Torna-se potencial o estímulo para a realização de estudos que buscam avaliar outros métodos diagnósticos que permitam ampliar a possibilidade de aplicação, como foi o caso dos métodos observados em estudos primários (teste cutâneo, IgE). Tais métodos não apresentaram especificidade ou sensibilidade necessárias para sua indicação como método único no diagnóstico da APLV. O achado se alinha ao baixo número de estudos primários e suas respectivas qualidades, havendo necessidade de realização de mais estudos que permitam um melhor entendimento quanto às limitações dos mesmos para uma indicação ou não de seu uso em protocolos e diretrizes sobre APLV.
Descrição Técnica da Tecnologia
Tipo: Exame clínico.
Princípio do teste: Exposição gradual e controlada do alérgeno potencialmente desencadeador dos sintomas ao paciente.
Apresentação: Leite de vaca em pó reconstituído em água.
Indicação: Diagnóstico de alergia à proteína do leite de vaca e monitoramento da tolerância progressiva adquirida ao leite de vaca.
Parâmetro mensurado: Reprodução da história clínica da doença.
Padrão-ouro: TPO é o padrão-ouro para diagnóstico de alergia à proteína do leite de vaca .
Descrição do resultado: Positivo ou negativo de acordo com o aparecimento ou não dos sintomas.
Tempo para o resultado: Imediata ou em até uma semana, a depender do mecanismo envolvido no processo alérgico.
Equipamento: Leite de vaca em pó, água filtrada, copo, balança, seringa dosadora, material para identificação.
Contraindicações: Não é recomendada a realização do TPO caso a criança apresente febre, vômito ou sintomas respiratórios ativos, como tosse ou respiração ofegante. O TPO pode ser contraindicado quando existe a possibilidade de ocorrência de manifestações mais graves de APLV mediada por IgE e não mediada por IgE, como anafilaxia e Síndrome da Enterocolite Induzida por Proteína Alimentar (FPIES), respectivamente.
Recomendação Final da Conitec
Os membros do plenário, presentes na 109ª Reunião Ordinária da Conitec, no dia 10 de março de 2022, deliberaram, por unanimidade, recomendar a incorporação no SUS do teste de provocação oral (TPO) para diagnóstico e monitoramento de pacientes até 24 meses com alergia à proteína do leite de vaca (APLV). Foi assinado o Registro de Deliberação nº 716/2022.