A meningite é um processo inflamatório das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, e a encefalite é uma condição grave, em que existe o comprometimento do parênquima encefálico. Os agentes causadores de ambas as doenças variam de acordo com as características do paciente, como idade, imunossupressão ou histórico de viagens, havendo algumas diferenças de patógenos em neonatos, crianças e adultos mais velhos.
No Brasil, os principais microorganismos causadores das doenças supracitadas são: ''N. meningitidis, S. pneumoniae e H. influenzae, Mycobacterium tuberculosis; Streptococcussp.'' – especialmente os do grupo B; ''S. agalactie; L. monocytogenes; Staphylococcus aureus; Pseudomonas aeruginosa; Klebsiella pneumoniae; Enterobacter sp.; Salmonella sp.; Proteus sp''. Quanto à meningite viral, os principais causadores são: enterovírus, arbovírus, vírus da caxumba, arenavírus (coriomeningite linfocitária), HIV 1, vírus do sarampo, adenovírus, vírus do grupo herpes, varicela-zóster, Epstein-Barr e citomegalovírus. Quanto à meningite fúngica, os microrganismos ''Cryptococcus neoformans e gattii, Candida albicans e tropicalis, Histoplama capsulatum, Paracoccidioides brasiliensis e Aspergillus fumigatus''. Em relação à bem menos frequente a meningite causada por parasitas pode ser citar o ''Toxoplasma gondii, Trypanosoma cruzi, Plasmodium sp, Taenia solium, Cysticercus cellulosae e Angiostrongyllus cantonensis.''[1]
== Diagnóstico e Tratamento ==
A cultura do LCR é o teste diagnóstico padrão-ouro para a investigação etiológica bacteriana e fúngica, porém, exames diretos do LCR e a realização de reação em cadeira da polimerase (PCR) para agentes etiológicos suspeitos são frequentemente adicionados. Estes últimos podem dar informações sobre agentes etiológicos específicos, incluindo-se sobre a presença de vírus, que não costumam ser identificados pelos exames de cultura específicos. A sensibilidade da cultura é de 60–90% para LCR coletado antes do início do tratamento com antibióticos, com resultados positivos geralmente disponíveis dentro de 24 a 48 horas. O rendimento da cultura diminui significativamente em pacientes pré-tratados.
Além das culturas do LCR, hemoculturas devem ser realizadas.[1]
Atualmente, exames de PCR são feitos em diversos hospitais do SUS, na maioria das vezes por meio de técnicas desenvolvidas in-house de baixo custo, ou seja, com utilização de sistemas validados pelo próprio laboratório clínico, para uso próprio e exclusivo, em pesquisa ou em apoio diagnóstico. Porém, os testes precisam ser solicitados de um em um e, além disso, não estão disponíveis para todos os agentes, especialmente os bacterianos.[2]
A rapidez do diagnóstico da meningite e/ou da encefalite e a identificação do agente causador são de fundamental importância para o tratamento oportuno e eficaz, com vistas a evitar a morbimortalidade por essas doenças.
O Teste PCR multiplex direto rápido é um produto de saúde que possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com indicação para identificar agentes infecciosos do sistema nervoso central de forma rápida e precisa.
O teste PCR multiplex direto rápido apresentou melhor custo-efetividade em comparação com o uso do método convencional isoladamente para o diagnóstico de meningite/encefalite com a redução do tempo de hospitalização e do tempo de tratamento empírico tanto para a população geral (cenário base) quanto para a população pediátrica (cenário alternativo). [2]
== Recomendação da CONITEC ==
Os membros do Comitê de Produtos e Procedimentos da Conitec, em sua 134ª Reunião Ordinária da Conitec em 3 de outubro de 2024, deliberaram por unanimidade, recomendar a incorporação do teste PCR multiplex para detecção de múltiplos agentes bacterianos, virais e fúngicos, causadores de meningites e encefalites. O uso de testes moleculares foi destacado por seu papel na identificação rápida e precisa de doenças, levando, em última análise, a tratamentos eficazes e redução de internações hospitalares. Foi considerado tembém os benefícios econômicos desses testes e o potencial de modernização do sistema de saúde pública do Brasil. Foi assinado o Registro de Deliberação nº 935/2024.[1]
== Decisão ==