A Eletroconvulsoterapia (ECT) é um procedimento feito sob anestesia geral, no qual pequenas correntes elétricas passam pelo cérebro, desencadeando intencionalmente uma breve convulsão. A ECT parece causar mudanças na química do cérebro que podem reverter rapidamente os sintomas de certas condições de saúde mental. Ninguém sabe ao certo como a ECT ajuda a tratar a depressão severa e outras doenças mentais. O que se sabe, porém, é que muitos aspectos químicos da função cerebral são alterados durante e após a atividade convulsiva. Essas mudanças químicas podem se apoiar umas nas outras, reduzindo de alguma forma os sintomas de depressão severa ou outras doenças mentais.<ref name="ECT">[https://www.mayoclinic.org/tests-procedures/electroconvulsive-therapy/about/pac-20393894 Electroconvulsive therapy (ECT)].</ref>.
==Por que é feita==
*'''Agitação e agressão em pessoas com demência''', que podem ser difíceis de tratar e afetar negativamente a qualidade de vida.
A ECT pode ser uma boa opção de tratamento quando os medicamentos não são tolerados ou outras formas de terapia não funcionaram, como por exemplo durante a gravidez, quando os medicamentos não podem ser tomados porque podem prejudicar o feto em desenvolvimento e em idosos que não toleram efeitos colaterais de medicamentos.<ref name="ECT"/> ==Riscos==Embora a ECT seja geralmente segura, os riscos e efeitos colaterais podem incluir:*'''Confusão'''. Imediatamente após o tratamento, podendo durar de alguns minutos a várias horas. Raramente, a confusão pode durar vários dias ou mais. Confusão é geralmente mais perceptível em adultos mais velhos.*'''Perda de memória'''. Algumas pessoas têm dificuldade em lembrar eventos ocorridos antes do tratamento ou nas semanas ou meses anteriores ao tratamento ou, raramente, em anos anteriores. Essa condição é chamada de amnésia retrógrada. Para a maioria das pessoas, esses problemas de memória geralmente melhoram em alguns meses após o término do tratamento.*'''Efeitos colaterais físicos'''. Nos dias de um tratamento com ECT, algumas pessoas sentem náusea, dor de cabeça, dor no maxilar ou dor muscular. Estes geralmente podem ser tratados com medicamentos.*'''Complicações médicas'''. Como acontece com qualquer tipo de procedimento médico, especialmente aquele que envolve anestesia. Durante a ECT, a frequência cardíaca e a pressão sanguínea aumentam e, em casos raros, isso pode levar a sérios problemas cardíacos. Geralmente, o paciente pode retornar às atividades normais algumas horas após o procedimento. No entanto, algumas pessoas podem ser aconselhadas a não retornar ao trabalho, tomar decisões importantes ou dirigir até uma a duas semanas após a última ECT em uma série ou por pelo menos 24 horas após um único tratamento durante a terapia de manutenção. A retomada das atividades depende de quando a perda de memória e a confusão são resolvidas.<ref name="ECT"/> ==ECT funciona?==A eficácia da ECT no tratamento de doenças mentais graves é reconhecida pela Associação Americana de Psiquiatria, pela Associação Médica Americana, pelo Instituto Nacional de Saúde Mental e por organizações semelhantes no Canadá, na Grã-Bretanha e em muitos outros países. Embora a ECT possa ser muito eficaz para muitos indivíduos com doença mental grave, não é uma cura. Para evitar o retorno da doença, a maioria das pessoas tratadas com ECT precisa continuar com algum tipo de tratamento de manutenção. Isso normalmente significa psicoterapia e / ou medicação ou, em algumas circunstâncias, tratamentos contínuos de ECT..<ref name="PSY">[https://www.psychiatry.org/patients-families/ect What is Electroconvulsive therapy (ECT)?].</ref>. Tratamentos de ECT são geralmente administrados duas a três vezes por semana durante três a quatro semanas - para um total de seis a 12 sessões. O número e tipo de tratamentos dependem da gravidade dos sintomas e da rapidez com que eles melhoram.<ref name="ECT"/>
==Evidências científicas==
Hoje em dia há vários estudos e vários debates sobre a liberalização do uso, sob regras rígidas. Um dos estudos científicos mais respeitados sobre o tema, no Brasil, afirma: <ref>SOARES MBM, MORENO RA, MORENO DH. ''Electroconvulsive therapy in treatment-resistant mania: case reports''. Rev. Hosp. Clin. [online]. 2002, vol.57, n.1, pp. 31-38. ISSN 0041-8781. doi: 10.1590/S0041-87812002000100006.</ref>
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| style="width: 50%;"|
| style="width: 50%;"| CONCLUSÕES: Os resultados iniciais sugerem que a eficácia da Eletroconvulsoterapia no tratamento de pacientes bipolares resistentes '''deve ser melhor estudada'''. [sem grifo no original]
|}<br>
O livro texto especializado, de Sérgio Paulo Rigonatti et all. (2004), no segundo capítulo, didaticamente, discute o mecanismo de ação da eletroconvulsoterapia, dizendo que:<ref name="ECT"/><br>
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| style="width: 50%;"|
| style="width: 50%;"|"embora '''não seja ainda completamente conhecido''', há teorias importantes relacionadas ao assunto, sendo as três principais: a teoria clássica dos neurotransmissores, a neuroendócrina e a anticonvulsiva. Esta última afirma que o efeito antidepressivo da ECT está relacionado ao fato do seu profundo efeito anticonvulsivante no cérebro". [sem grifo no original]
|}<br>
No terceiro capítulo, os autores desmistificam a técnica e discutem os prós e contras enfatizando a necessidade de ligação da psiquiatria com as outras especialidades médicas, especialmente a cardiologia.<br>
De fato, hoje, seguindo protocolos rígidos, selecionando muito bem os pacientes, o número de mortes durante a aplicação do tratamento – e por efeito dele – caiu muito: a taxa de mortalidade associada ao tratamento é de um em cada cem mil casos tratados<ref>SALLEH MA, et al. ''Eletroconvulsoterapia: critérios e recomendações da Associação Mundial de Psiquiatria.'' Rev. psiquiatr. clín., São Paulo, v. 33, n. 5, 2006 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832006000500006&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 06 dez. 2010. doi: 10.1590/S0101-60832006000500006.</ref>. Alguém que não faça o tratamento, portanto, não correrá este risco.<br>
Hoje em dia, no Brasil, o Conselho Federal de Medicina tolera a eletroconvulsoterapia, como tratamento eletivo, porém apenas dentro de técnicas modernas, com anestesia e sedação prévias, com todos os controles necessários e exigidos pela Resolução CFM 1640/02 e consentimento livre informado assinado pelo paciente, ou por responsável legal, em caso de incapacidade de compreensão e deliberação.
==Transtorno depressivo a ECT==
O transtorno depressivo é uma doença '''crônica''', causada por fatores genéticos, que se manifesta por episódios ora depressivos (melancólicos e apáticos), ora maníacos (eufóricos e hiperativos), intercalados por fases sem sintomas. Este '''curso natural da doença é vitalício'''. O paciente portador deste tipo de doença não tem cura, mas pode ter a doença controlada. <br>
Ao tempo em que apenas se tratava as pessoas com ECT, por não terem ainda inventado remédios, os resultados eram pequenos, paliativos, temporários e decepcionantes. Com a descoberta das propriedades farmacológicas, nos anos 50 e 60, dos antidepressivos, dos neurolépticos e dos estabilizadores de humor os resultados foram surpreendentes. Contudo, o remédio precisa ser tomado com regularidade e a dose precisa ser ajustada seguidamente, através de exames de dosagem daquele fármaco no sangue, semestrais.<br>
Algumas pessoas, em função de características da personalidade ou de características que a doença adquiriu por particularidades de seu organismo, não têm melhoras significativas durante os episódios tratados, sendo classificados como refratários a tratamentos.
==ECT no SUS==
==Referências==
Estas informações foram organizadas a partir de parecer do Prof. Dr. Alan Índio Serrano, Médico Psiquiatra, da Comissão Médica Estadual de Regulação.
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