Teste antigliadina deaminada IgG para diagnóstico de doença celíaca em pacientes com deficiência de IgA e suspeita de doença celíaca e crianças menores de dois anos

De InfoSUS
Revisão de 13h11min de 25 de junho de 2025 por Anonimo (Discussão | contribs) (O Relatório de Recomendação)
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Informações Sobre a Doença

A Doença Celíaca (DC) é uma doença autoimune crônica do intestino delgado caracterizada por intolerância permanente ao glúten. A sua prevalência global é de aproximadamente 1%. No Brasil, essa prevalência foi relatada em cerca de 0,54% em crianças (1-14 anos). O rastreamento por sorologia associado à confirmação por biópsia duodenal é padrão ouro para o diagnóstico em adultos e em crianças, mas a biópsia precisa ser bem indicada na prática pediátrica por ser um procedimento invasivo e potencialmente de alto risco. Os testes sorológicos para detectar anticorpos IgA são comumente utilizados, porém indivíduos com deficiência de IgA não podem ser diagnosticados/rastreados por esses testes, justamente porque apresentam déficit na síntese de todas as imunoglobulinas do tipo A. Uma alternativa de triagem para esses indivíduos, bem como para os menores de 2 anos, é a dosagem sérica dos anticorpos IgG, como o teste antigliadina deaminada IgG. [1]

O Relatório de Recomendação

A PORTARIA SCTIE/MS Nº 10, DE 18 de abril de 2023 [2] aprovou o Relatório de Recomendação para o Teste antigliadina deaminada IgG para diagnóstico de doença celíaca em pacientes com deficiência de IgA e suspeita de doença celíaca e crianças menores de dois anos.

  • Critérios de Inclusão:

Esta PORTARIA SCTIE/MS Nº 78, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2021 Tornou pública a decisão de incorporar, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, o teste de biologia molecular de reação em cadeia polimerase em tempo real (qPCR) para a detecção qualitativa de marcadores específicos do material genético de Mycobacterium leprae para diagnóstico de hanseníase, em amostras de biopsia de pele ou de nervos.

Conforme determina o art. 25 do Decreto nº 7.646/2011, as áreas técnicas terão o prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias para efetivar a oferta no SUS.

Descrição Técnica da Tecnologia

Tipo Teste de Biologia Molecular

- Princípio do teste/método diagnóstico/procedimento Molecular, qPCR - Reação em Cadeia Polimerase em tempo real permite detecção de marcadores específicos do material genético de Mycobacterium leprae.Teste qualitativo (atesta presença ou ausência do alvo na amostra)

- Nome comercial KIT NAT Hanseníase

- Apresentação Módulo de amplificação para a detecção de 31 amostras em triplicata: Controle Positivo em reação única e controle negativo em duplicata; 01 frasco com 1100 0 µL de Água RNase Free; 01 frasco com 900 µL de Mistura de PCR; 01 frasco com 110 µL de OligoMix; 01 frasco com 20 µL de Controle Negativo; 01 frasco com 20 µL de Controle Positivo.

- Fabricante INSTITUTO DE BIOLOGIA MOLECULAR DO PARANÁ – IBMP CNPJ: 03.585.986/0001-05

- Registro na Anvisa nº 80780040007 - válido: 24/05/2031

- Indicação Detecção qualitativa de material genético de Mycobacterium leprae em DNA total como auxiliar e/ou confirmar o diagnóstico clínico de Hanseníase.

- Parâmetro mensurado DNA total extraído de biópsia de pele ou nervos. 2-6 mm de amostra coletada por punch - conservar em etanol 70% e armazenar a -20°C até o momento da extração de DNA.

- Padrão ouro Avaliação clínica, dermatoneurológica.

- Limite de detecção o limite de detecção calculado com 95% de probabilidade (LOD95) para o KIT BIOMOL Hanseníase é aproximadamente 3.800 fg µL para 16S e 55 fg/µL para RLEP. Para fins de testesno controle de qualidade, os limites de detecção obtidos utilizando o controle sintético para 16S e RLEP foram, respectivamente, 204 e 194,5 cópias/reação.

- Descrição do resultado 16SrRNA < 35,5 e RLEP < 34,5 = Positiva para DNA de M. leprae 16SrRNA < 35,5 e RLEP ≥ 34,5 = Negativa para DNA de M. leprae 16SrRNA ≥ 35,5 e RLEP < 34,5 = Equivocal 16SrRNA ≥ 35,5 e RLEP ≥ 34,5 = Negativa para DNA de M. leprae

- Equipamento - Equipamento - 7500 Real-Time PCR (Applied Biosystems) - Kit DNeasy Blood & Tissue Kit (Qiagen) validado para a extração do DNA.

- Preço proposto demandante R$ 97,00 cada módulo de amplificação para a detecção de 31 amostras em triplicata.

Diagnóstico da Hanseníase

  • Diagnóstico Clínico: a hanseníase é uma doença de notificação compulsória e investigação obrigatória em todo o país. Apresenta

amplo espectro de manifestações clínicas e histopatológicas influenciadas grandemente pelos diferentes padrões de resposta imunológica individual frente à infecção. Os órgãos principalmente acometidos são pele, mucosas, nervos periféricos e sistema reticulo endotelial. Entretanto, também pode ocorrer acometimento dos ossos, visão, articulações, trato respiratório superior, testículos e glândulas adrenais. O período de incubação da hanseníase é longo variando de 2 a 7 anos, uma vez que o bacilo se desenvolve lentamente.

As lesões cutâneas mais comuns são: manchas esbranquiçadas ou avermelhadas, sem relevo; pápulas (lesões sólidas, com elevação superficial e circunscrita; infiltrações), tubérculos (lesões sólidas e elevadas semelhantes a caroços externos) e nódulos. Dentre os sinais e sintomas neurológicos estão as neurites, lesões decorrentes de inflamações dos nervos periféricos, que são causados tanto pela ação direta do bacilo nos nervos, como por uma resposta do organismo ao bacilo.

Atualmente existem dois sistemas de classificação da hanseníase amplamente aceitos e utilizados para nortear condutas e definir diagnóstico. A primeira é a classificação de Ridley Jopling, de 1966, baseada em manifestações clínicas, características histopatológicas e índice baciloscópico (IB), categorizando diferentes tipos de hanseníase ao longo de um espectro, com as formas polares e estáveis - tuberculoide (TT) e lepromatosa ou virchowiana (LL), e as formas instáveis borderline, que apresentam variabilidade clínica e imunológica, divididas em borderline tuberculoide (BT), borderline borderline (BB) e borderline lepromatosa (BL).

A segunda classificação é da OMS e leva em conta o número de lesões cutâneas e o índice baciloscópico. Os pacientes são classificados como hanseníase paucibacilar (PB) quando o número de lesões cutâneas é de 1 a 5, e como hanseníase multibacilar (MB) quando o número de lesões cutâneas é superior a 5, ou com baciloscopia positiva, independentemente do número de lesões cutâneas.

Para um diagnóstico clínico mais assertivo é fundamental o conhecimento quanto ao espectro da patologia, permitindo relacionar o curso da doença com a extensão do envolvimento neural, característico de cada forma clínica da hanseníase.

  • Diagnóstico Laboratorial Específico: até o momento não existe nenhum teste que seja suficientemente acurado para o diagnóstico da

hanseníase, uma vez que existem amplas variações da forma clínica, que impactam diretamente na capacidade diagnóstica de cada exame. Ademais, não existem testes para diagnosticar casos assintomáticos ou para prever a progressão da doença em indivíduos expostos, representando um grande desafio para o controle da doença. Desse modo, a confirmação do caso tem sido feita com base na combinação de avaliação clínica dermatoneurológica e baciloscópica, quando disponível. A detecção precoce dos casos e o tratamento oportuno e adequado são essenciais para a interrupção da cadeia de transmissão da doença. A proposta é a inclusão do teste rápido em linha com a baciloscopia e o PCR.

A baciloscopia e a histopatologia (biópsia) fazem parte do pequeno grupo de exames laboratoriais utilizados na rotina para auxiliar no diagnóstico da hanseníase, a baciloscopia está indicada em caso de dúvida na classificação para instituição do tratamento, no diagnóstico diferencial com outras doenças dermatológicas e em casos suspeitos de recidiva. O M. leprae pode ser encontrado na microscopia de raspados de tecido dérmico de qualquer lesão suspeita, lóbulos da orelha ou dos cotovelos, já o histopatológico é empregado em casos que persistem indefinidos mesmo após a avaliação clínica e laboratorial de rotina.

Os testes sorológicos com a detecção de anticorpos IgM anti-PGL-I não pode ser utilizada como um teste de diagnóstico, pois ele não faz a definição de casos, mas pode ser utilizado como diagnóstico complementar combinando seus resultados com outros dados clínicos e diagnósticos.

O desafio de identificar os bacilos em lesões paucibacilares, em contactantes domiciliares de pacientes com hanseníase ou em infecções subclínicas começou a ser superado com o desenvolvimento da técnica de reação em cadeia polimerase - PCR. Em linhas gerais, a técnica consiste na extração, amplificação e identificação de DNA do M. leprae em amostras clínicas extraídas de pele, nervos, sangue periférico e em vários tipos diferentes de amostras, como urina, raspados orais ou nasais e lesões oculares (34). A detecção do material genético do M. leprae em casos de difícil diagnóstico como em pacientes com baciloscopia negativa ou histopatologia inconclusiva por meio da PCR, surgiu como a possibilidade de um método promissor no alcance do diagnóstico correto com a possibilidade de identificar a doença precocemente.

Referências

  1. [1]
  2. Portaria PORTARIA SCTIE/MS Nº 10, DE 18 de abril de 2023