Teste de Liberação de Interferon-gama (IGRA) - Detecção de Tuberculose Latente em Pacientes Imunocomprometidos

De InfoSUS
Revisão de 20h10min de 29 de setembro de 2025 por Anonimo (Discussão | contribs) (O Relatório de Recomendação da CONITEC)
Ir para: navegação, pesquisa

Informações Sobre a Doença

A infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis (ILTB) é definida como um estado de resposta imune persistente à estimulação por antígenos de Mycobacterium tuberculosis sem evidência, sintomas clínicos ou achados radiológicos de doença ativa. Estima-se que um terço da população mundial possua ILTB. A importância de diagnosticar a ILTB reside no potencial de reativação para a doença ativa e transmissível quando o indivíduo estiver imunossuprimido com comorbidades ou em terapia biológica. Quando identificado o potencial de desenvolvimento de doença ativa em um indivíduo com ILTB é recomendada a realização do tratamento preconizado, de forma a impedir que ocorra a reativação. A identificação e tratamento da ILTB constituem estratégias fundamentais para reduzir a carga global de tuberculose, especialmente em países em desenvolvimento. [1]

O Relatório de Recomentação Teste de liberação interferon-gama (interferon gamma release assay - IGRA) para detecção de tuberculose latente em pacientes imunocomprometidos

A PORTARIA SCTIE/MS Nº 50, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 [2] aprovou o Ampliação de uso do Teste de Liberação de Interferongama (IGRA) para detecção de infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis em pacientes com doenças inflamatórias imunomediadas ou receptores de transplantes de órgãos sólidos.

  • Critérios de Inclusão:

PORTARIA SCTIE/MS Nº 50, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 Torna pública a decisão de incorporar o teste de liberação de interferon-gama (interferon gamma release assay - IGRA) para detecção de tuberculose latente em pessoas vivendo com HIV, crianças em contato com casos de tuberculose ativa e pacientes candidatos a transplante de células-tronco.

Conforme determina o art. 25 do Decreto nº 7.646/2011, as áreas técnicas terão o prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias para efetivar a oferta no SUS.

O Relatório de Recomendação da CONITEC

Foram analisadas dez revisões sistemáticas que avaliaram o desempenho do IGRA em relação ao PPD para os desfechos: 1) Acurácia na identificação de tuberculose latente; 2) Progressão para tuberculose ativa; e 3)Associação de resultados positivos dos testes e a ocorrência de fatores de risco. Quanto às evidências científicas observouse que, em relação à acurácia diagnóstica de IGRA e PPD, houve melhor desempenho do teste IGRA. Em um dos estudos foi identificado que IGRA apresentou maior especificidade, que variou de 98% (IC95% 86,8 - 99,9%) a 100% (IC95% 97,6 - 100%), em comparação com o PPD, que variou de variou de 55% (IC95% 38,5-70,7) a 95% (IC95% 87,7-97,2%).

Em relação ao desempenho do IGRA em comparação com o PPD para prever o desenvolvimento de tuberculose ativa, identificou-se que não houve diferença entre os testes. Um dos estudos identificou que os dois testes apresentam resultados semelhantes em relação ao risco de tuberculose (RR combinada de 2,11 [IC95% 1,29-3,46] para IGRA versus 1,60 [0,94-2,72] para PPD).

Estudos que avaliaram a associação de resultados positivos dos testes e a ocorrência de fatores de risco, concluíram que IGRA apresenta melhor desempenho. Um dos estudos identificou forte associação de IGRA com histórico de infecção por TB (OR 6,01; IC 95% 2,66-13,56), com evidência radiológica (OR 2,97; IC 95%, 1,30-6,82) e contato (OR 3,52; IC 95% 1,69-7,31). Enquanto PPD apresentou fraca associação com histórico de infecção por TB (OR 1,95; IC 95% 1,17-3,23) e não houve evidência suficiente para determinar direção da associação de PPD com evidência radiológica (OR 0,79; IC 95%, 0,90-3,25) ou contato (OR 0,88; IC 95% 0,43-1,82).

Estudos que investigaram a influência da vacinação BCG na positividade dos testes identificaram que os resultados positivos dos testes IGRA não são afetados pela vacinação com BCG, diferentemente do PPD. Os estudos indicaram melhor desempenho do IGRA em pacientes imunocomprometidos e crianças quando comparado ao PPD. A principal limitação dos estudos de acurácia diagnóstica dos testes IGRA e PPD é a falta de um padrão-ouro diagnóstico, o que representa um problema para a detecção precisa da tuberculose latente.

Descrição Técnica da Tecnologia

Testes de liberação de interferon-gama - IGRA são testes de respostas imunológicas, mediadas por células aos antígenos que simulam proteínas de micobactérias. São portanto, testes de diagnóstico in vitro realizados em sangue periférico que medem a liberação de interferon-γ (IFN-γ) pelas células T após estimulação por antígenos proteicos secretados por Mycobacterium tuberculosis.

Os antígenos utilizados pelos testes do tipo IGRA estão ausentes na maioria das micobactérias não tuberculosas (exceto, M. kansasii, M. szulgai e M. marinum), bem como na Mycobacterium bovis e no Bacille Calmette-Guérin (BCG). Por estas razões, espera-se que o teste IGRA não sofra influência do status vacinal com BCG, nem de infecções por micobactérias não tuberculosas ambientais, embora algumas cepas possam causar um teste falso-positivo.

No Brasil, dois testes de liberação de interferon-gama possuem registro na autoridade sanitária, o de nome comercial T-SPOT® TB e o QuantiFERON®-TB GOLD Plus (QFT® Plus).

Recomendação Final da Conitec

Os membros da CONITEC presentes na 91ª Reunião Ordinária da Conitec, no dia 08 de outubro de 2020, deliberaram, por unanimidade, recomendar a incorporação, no SUS, do teste de liberação de interferon-gama (interferon gamma release assay – IGRA) para detecção de tuberculose latente em pessoas vivendo com HIV, crianças em contato com casos de tuberculose ativa e pacientes candidatos a transplante de células-tronco hematopoéticas.

Na apreciação da Consulta Pública (CP), tanto as contribuições de experiência e opinião, quanto as técnico-científicas destacaram benefícios clínicos após incorporação do teste IGRA, que, em concordância com o relatório preliminar, apontam para: redução dos resultados falso negativos relacionados ao uso de imunossupressores; versatilidade de aplicação do teste, que não necessita de duas visitas do paciente ao laboratório, para aplicação e leitura; supressão dos vieses de interpretação e a não necessidade de capacitação de um profissional; maior sensibilidade e especificidade em relação ao teste tuberculínico (PPD); viabilidade de implementação, visto que a infraestrutura e o nível de biossegurança exigidos já se encontram disponíveis nos Laboratórios Centrais de Saúde Pública para execução do teste; e trata-se de mais uma opção diagnóstica para tuberculose latente.

Além disso, não foram adicionadas referências que alterassem a análise das evidências apresentadas no relatório preliminar. A modalidade de aquisição dos testes será de forma centralizada, no âmbito do Ministério da Saúde. Foi assinado o Registro de Deliberação nº 567/2020.

Padronização do SUS

Conforme a tabela SIGTAP/SUS consta o código do exame genético diagnóstico:

02.02.03.136-5 - TESTE DE LIBERAÇÃO DE INTERFERON-GAMA PARA ILTB (IGRA)

TESTE LABORATORIAL PARA MENSURAÇÃO DA RESPOSTA INTERFERON-GAMA FRENTE AO ESTÍMULO DE ANTÍGENOS ESPECÍFICOS DE MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS.

Referências

  1. Relatório de recomentação Teste de liberação interferon-gama (interferon gamma release assay - IGRA) para detecção de tuberculose latente em pacientes imunocomprometidos
  2. PORTARIA SCTIE/MS Nº 50, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020