Mudanças entre as edições de "Método Bobath"

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Desta forma, muito embora seja um recurso comprovadamente benéfico, conclui-se que o método Bobath é uma técnica de tratamento que pode ou não ser utilizada, sendo um complemento ao tratamento convencional.  A escolha fica a critério do profissional legalmente habilitado e competente para o exercício da profissão e pode ser substituído por outras técnicas sem que haja prejuízo para o paciente, que contribuem de igual forma para o desenvolvimento sensório-motor da criança com paralisia cerebral
 
Desta forma, muito embora seja um recurso comprovadamente benéfico, conclui-se que o método Bobath é uma técnica de tratamento que pode ou não ser utilizada, sendo um complemento ao tratamento convencional.  A escolha fica a critério do profissional legalmente habilitado e competente para o exercício da profissão e pode ser substituído por outras técnicas sem que haja prejuízo para o paciente, que contribuem de igual forma para o desenvolvimento sensório-motor da criança com paralisia cerebral
 
  
  

Edição das 18h29min de 16 de outubro de 2014

Parecer Técnico

Este parecer técnico refere-se ao MÉTODO BOBATH, no âmbito do sistema único de saúde – SUS:


O método Método Bobath, é um dos recursos que pode ser utilizado para o tratamento da função motora e sensorial de patologias neurológicas. Este método foi desenvolvido pelo neuropediatra Dr Karel Bobath e de sua esposa a fisioterapeuta Berta Bobath, através de 25 anos de pesquisa. Na atualidade, o tratamento por eles desenvolvido é bem conhecido e aceito em vários países (Bobath, 1990). O princípio do Conceito Bobath é a inibição dos padrões de reflexos anormais e a facilitação dos movimentos normais. Por ele, o paciente aprende a sensação do movimento, e não o movimento em si. O objetivo é facilitar o movimento motor e inibir movimentos e posturas anormais.

Bobath é uma abordagem terapêutica e de reabilitação, desenvolvida para o tratamento de adultos, crianças e bebês com disfunções neurológicas, tendo como base à compreensão do desenvolvimento normal, utilizando todos os canais perceptivos para facilitar o desenvolvimento neuro-sensório-motor. O tratamento inclui movimentos ativos e passivos, porém só os ativos podem dar as sensações essenciais para a aprendizagem dos movimentos voluntários e postura a fim de melhorar a qualidade das funções motoras.

Para Girolami e Campbel apud Leite e Prado (2004), após um estudo randomizado entre este método e a manipulação inespecífica de crianças pré-maturas, observou que o Bobath melhorou a postura e não houve melhora do tônus muscular e dos reflexos primitivos.

Convém esclarecer, que este método é uma especialidade ministrada em cursos de aperfeiçoamento profissional, não sendo frequente sua inserção nas matrizes curriculares no âmbito da graduação na área da saúde. Portanto, o aperfeiçoamento fica a critério do profissional, em fazer ou não esta formação após bacharelar-se.

No âmbito do Sistema Único de Saúde, esta técnica não é comumente a mais utilizada, sendo as técnicas convencionais a opção de escolha de grande parte dos profissionais, pois esta também faz uso de exercícios passivos e ativos e demais técnicas, que comprovadamente também oferecem benefícios para a recuperação funcional. Além disto, mesmo não tendo se aperfeiçoado nesta técnica, muitos profissionais acabam utilizando alguns de seus conceitos ao aplicarem o tratamento clássico.

No que se refere à Fisioterapia, este método é utilizado em complemento às técnicas convencionais associando-se à cinesioterapia, que é o método clássico de tratamento e que faz uso de exercícios ativos, passivos, espelhos, bolas e demais recursos que também oferecem melhoria nas qualidades neuromotoras de pessoas acometidas por patologias neurológicas. Assim, o Bobath não é essencial para o desenvolvimento de um programa de reabilitação, uma vez que este é apenas uma das técnicas que podem ser empregadas, pois além dele, existem outros métodos de tratamento complementares à terapia convencional, a exemplo do método Kabat - técnica facilitadora de movimento e inibição da hipertonia, da estimulação sensorial para ativação e inibição, desenvolvida por Margaret Rood, usada para ativar, facilitar ou inibir a resposta motora anormal.

Segundo Leite e Prado (2004), o tratamento envolve uma combinação de técnicas que levam em consideração a neurofisiologia e o desenvolvimento, como as técnicas de Rood, Brunnstrom, facilitação neuromuscular proprioceptivas (Kabat) e o método Bobath. Ainda de acordo com estes autores, atualmente não há evidências suficientes que indiquem que as técnicas de facilitação e inibição, ou as técnicas de facilitação neuromuscular proprioceptivas, bem como, os recursos clássicos são superiores umas às outras.

Ademais, os exercícios terapêuticos convencionais têm resultados comprovadamente satisfatórios e eficazes para a recuperação funcional de diversos distúrbios cinético-funcionais. Na aplicação deste tipo de exercício, o fisioterapeuta pode utilizar diversos recursos associados como espelhos, bolas, escadas, rampas, barras paralelas, colchonetes, posturas, técnicas de alongamento, de fortalecimento, inibições reflexas dentre outros, sendo, portanto de competência deste profissional a escolha da terapia mais adequada a cada caso.

Acrescente-se que a execução de métodos próprios da Fisioterapia é privativa deste profissional em conformidade com o art. 3º do Decreto-Lei 938/69 in verbis: “É atividade privativa do fisioterapeuta executar métodos e técnicas fisioterápicos com a finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do ciente.”

Neste mesmo viés, o art. 3º da Resolução COFFITO Nº 8/1978 assegura ao fisioterapeuta e a prescrição, execução e supervisão da terapia física conforme observa-se: “Art. 3º Constituem atos privativos do fisioterapeuta prescrever, ministrar e supervisionar terapia física, que objetive preservar, manter, desenvolver ou restaurar a integridade de órgão, sistema ou função do corpo humano”.

Desta forma, com base na avaliação cinético funcional do paciente, cabe somente a este profissional a determinação da técnica a ser aplicada, da dosagem de exercício a ser empregado, bem como, da quantidade de sessões a serem realizadas no âmbito da Fisioterapia.

No tocante à Fonoaudiologia, de acordo com profissionais da área este método também não é imprescindível para o atendimento de fonoaudiologia, pois o profissional Fonoaudiólogo se forma com capacidade de atender qualquer patologia fonoaudiológica.

Em relação à Terapia Ocupacional, esta é uma profissão da área da saúde, regulamentada a nível superior e tem como alvo principal a intervenção a disfunção ocupacional. O tratamento se dirige para dificuldades no engajamento e participação nas ocupações e para atividades que o individuo atribui como significativas, desejadas ou necessárias, sejam estas em casa ou na comunidade.

No que diz respeito à dinâmica do método Bobath, a Terapia Ocupacional utiliza-se do método objetivando promover a manutenção da força muscular, da amplitude de movimento, adequação da postura na realização das atividades, consequentemente, ocorre uma melhora da função sem que haja encurtamentos e deformidades, com isso o individuo torna-se mais independente no manejo do cotidiano.

No tratamento das enfermidades neurológicas, o profissional de Terapia Ocupacional não utiliza somente o método Bobath como forma de intervenção, logo não se torna necessário uma formação especifica no método, no longo da formação acadêmica é apresentado uma gama de técnicas que permite a atuação com este tipo de paciente. Vale ressaltar que a especialização especifica nos permite um maior conhecimento da técnica, mas não se torna obrigatoriedade para um resultado satisfatório.

Aduz-se que o que consta na tabela do SUS são os atendimentos de reabilitação realizados pelos profissionais de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional sem que estes tenham necessariamente a formação no método Bobath, e sim a graduação nos respectivos cursos, bem como a vinculação aos seus respectivos conselhos profissionais. E, no âmbito deste sistema, cabe a este apenas oferecer o serviço, ficando os métodos e técnicas a serem aplicados sob competência dos profissionais, que tendo formação generalista de acordo com as matrizes curriculares propostas pelo Ministério da Educação, são aptos a aplicar recursos específicos de cada profissão a todos os casos. Ficando também a cargo destes, optarem por qual método complementar de tratamento é o de melhor eficácia para cada caso em especial, desde que tenham conhecimento e formação na técnica a ser aplicada.

Resumindo

Desta forma, muito embora seja um recurso comprovadamente benéfico, conclui-se que o método Bobath é uma técnica de tratamento que pode ou não ser utilizada, sendo um complemento ao tratamento convencional. A escolha fica a critério do profissional legalmente habilitado e competente para o exercício da profissão e pode ser substituído por outras técnicas sem que haja prejuízo para o paciente, que contribuem de igual forma para o desenvolvimento sensório-motor da criança com paralisia cerebral


Elaborado por:

- Carolina Garcia dos Santos - Fonoaudióloga do Centro Catarinense de Reabilitação (CCR)

- Camille Weiser - Terapeuta Ocupacional do Centro Catarinense de Reabilitação (CCR)

- Adriano Sousa - Fisioterapeuta do Centro Catarinense de Reabilitação (CCR)

- Rita de Cássia Paula Souza - Gerente do Centro Catarinense de Reabilitação (CCR)

Referências

1. BEHRMAN, KLIEGMAN, NELSON. Tratado de Pediatria. 15ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997.

2. AVERY, G. B. Neonatologia – Fisiopatologia e tratamento do Recém Nascido. 2ª ed. Rio de Janeiro: Medsi, 1984.

3. BURNS,Y. R. MACDONALD,J. Fisioterapia e Crescimento na Infância. 1ª ed. Santos: Santos Editora Ltda, 1999.

4. COSTA VAZ, A. F. Problemas Neurológicos do Recém Nascido. 1ª ed. São Paulo: Savier, 1985.

5. KATHERINE , RATLIFFE,T. Fisioterapia Clínica Pediatrica- Guia para Fisioterapeutas. 1ª ed.Ltda, 2000.

6. LONG, T. M., CINTAS, H. Manual de Fisioterapia Pediátrica. 2001.

7. PERNETTA, C. Semiologia Pediátrica. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1990.

8. LEVITT, S. Tratamento da Paralisia cerebral e do Retardo Motor. 3ª ed. São Paulo: Manole, 2001.

9. UMPHRED, A. D. Fisioterapia Neurológica. 2ª ed. São Paulo: Manole, 1980. 10. ROSENBAUM, P. (2007). The natural history of gross motor development in children with cerebral palsy aged 1 to 15 years. Developmental Medicine & Child Neurology, 49(10), 724. 11. MINISTÉRIO DA SAÚDE - Diretrizes de Atenção à Pessoa com Paralisia Cerebral disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_paralisia_cerebral.pdf. 2013 12. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA de FISIOTERAPIA em NEUROLOGIA para o DESENVOLVIMENTO e DIVULGAÇÃO dos CONCEITOS NEUROFUNCIONAIS. ABRADIMENE disponível em (http://www.abradimene.org.br/)

13. LEITE, J.M.R; PRADO, G.F. Paralisia cerebral: aspectos fisioterapêuticos e clínicos. Revista Neurociências, 2004. Disponível em http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2004/RN%2012%2001/Pages%20from%20RN%2012%2001-7.pdf