Mudanças entre as edições de "Cirurgia Fetal/Oclusão Traqueal Fetoscópica"
Linha 1: | Linha 1: | ||
− | + | == Hérnia Diafragmática Congênita: == | |
− | 28ª semana de gestação. A Cirurgia Fetal para correção de Hérnia Diafragmática Congênita é realizada por fetoscópia. Uma técnica endoscópica que utiliza um instrumento denominado fetoscópio para avaliar ou tratar o feto, durante o período gestacional. Considerada minimamente invasiva, a Oclusão traqueal fetal possibilita a expansão do pulmão comprimido. Assim, o procedimento é feito a partir da colocação de um balão endotraqueal. Só pode ser realizado em ambiente hospitalar. Geralmente, com a utilização de anestesia local e sedação para a gestante, e geral para o feto. | + | |
+ | A Hérnia diafragmática congênita consiste em um defeito (orifício) no diafragma (músculo que separa as estruturas abdominais das torácicas), pelo qual os órgãos abdominais passam para o interior do tórax (Figura 1). A presença dessas vísceras abdominais na cavidade torácica impede o adequado crescimento e maturação dos pulmões. | ||
+ | |||
+ | De causa pouco conhecida, a incidência da HDC é de 1/2500 a 1/5000 nascidos vivos. Oitenta e quatro por cento das lesões são do lado esquerdo do diafragma, 13% são do lado direito e 3% são bilaterais. Em aproximadamente metade dos casos, são encontradas outras anomalias estruturais e/ou genéticas associadas, sendo a taxa de mortalidade neste grupo de 100%. Considerando-se somente os casos com HDC isolada (sem associação com outras alterações anatômicas fetais ou doenças genéticas), as taxas gerais de sobrevida neonatal variam de 50 a 90%. | ||
+ | |||
+ | |||
+ | == Diagnóstico: == | ||
+ | |||
+ | A ultrassonografia morfológica fetal de 1o trimestre (realizada de 11 a 13 semanas e 6 dias de gravidez) permite a suspeita ou mesmo a identificação (diagnóstico) da HDC. Na maioria dos casos, nesta fase ainda precoce da gravidez, a HDC não é visível com a ultrassonografia. No entanto, boa parte dos fetos que apresentam o defeito têm aumento da medida da translucência nucal (TN, líquido que fica na porção posterior do pescoço do feto, o mesmo usado para cálculo de risco para síndrome de Down), o que requer reavaliações ultrassonográficas mais frequentes e um detalhado exame morfológico de 2o trimestre. Assim sendo, mesmo que a HDC não seja confirmada no morfológico de 1o trimestre, com certeza será identificada em exames subsequentes. | ||
+ | |||
+ | O exame morfológico de 2o trimestre (18 a 24 semanas de gravidez) permite não somente a confirmação do diagnóstico da HDC, mas também a avaliação de algumas características associadas ao defeito que possibilitam a definição de prognósticos (evoluções mais prováveis). Isso contribui sobremaneira para a definição da melhor conduta a ser oferecida a cada gestante. | ||
+ | |||
+ | As características ultrassonográficas associadas à HDC, que são levadas em consideração para a definição de prognósticos, são a posição do fígado e uma medida chamada de relação pulmão/cabeça (RPC). Quando há herniação de parte do fígado para o interior do tórax e a medida da RPC é menor do que 1,0, a HDC é extremamente grave (mal prognóstico) e a possibilidade de sobrevida pós-natal é próxima de zero. Por outro lado, quando não há herniação hepática para o tórax, ou quando esta herniação ocorre, mas a RPC é igual ou maior do que 1,0, a HDC é menos grave (bom prognóstico) e a chance de sobrevida pós-natal chega a 70%. | ||
+ | |||
+ | |||
+ | == Tratamentos: == | ||
+ | |||
+ | As possibilidades de conduta para os casos de HDC consistem em tratamentos que iniciam antes do nascimento e se estendem ao período pós-natal, ou tratamentos realizados somente após o nascimento. | ||
+ | |||
+ | A experiência mundial sobre o tratamento da HDC sugere que o melhor caminho para os casos de HDC menos graves (bom prognóstico) seja somente a conduta pós-natal. Para os casos de HDC de mal prognóstico, a sugestão é que o tratamento inicie no pré-natal (com a oclusão traqueal endoscópica fetal ) e continue após o nascimento. | ||
+ | |||
+ | Os bebês que apresentam HDC de melhor prognóstico podem ser operados somente após o nascimento. Depois de um período de estabilização na UTI neonatal, a cirurgia definitiva de fechamento do diafragma é realizada pelo cirurgião pediátrico. A chance de sobrevida com alta do berçário para estas crianças fica em torno de 70%, pois há diferenças de conduta entre os diversos centros que recebem estes pacientes. | ||
+ | |||
+ | |||
+ | |||
+ | A oclusão endoscópica traqueal fetal é um procedimento utilizado para prevenir e até mesmo reverter a hipoplasia pulmonar, podendo levar ao retorno do crescimento pulmonar em fetos com hérnia diafragmática congênita (HDC). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | A oclusão traqueal fetal temporária feita por meio da fetoscopia acelera o desenvolvimento pulmonar e reduz a mortalidade neonatal. | ||
+ | |||
+ | Geralmente é realizado entre a 24ª e 28ª semana de gestação. | ||
+ | |||
+ | A Cirurgia Fetal para correção de Hérnia Diafragmática Congênita é realizada por fetoscópia. Uma técnica endoscópica que utiliza um instrumento denominado fetoscópio para avaliar ou tratar o feto, durante o período gestacional. Considerada minimamente invasiva, a Oclusão traqueal fetal possibilita a expansão do pulmão comprimido. Assim, o procedimento é feito a partir da colocação de um balão endotraqueal. Só pode ser realizado em ambiente hospitalar. Geralmente, com a utilização de anestesia local e sedação para a gestante, e geral para o feto. | ||
'''O procedimento não é padronizado no SUS.''' | '''O procedimento não é padronizado no SUS.''' | ||
Linha 12: | Linha 44: | ||
04.07.04.005-6 - HERNIOPLASTIA DIAFRAGMATICA (VIA TORACICA). | 04.07.04.005-6 - HERNIOPLASTIA DIAFRAGMATICA (VIA TORACICA). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | https://www.scielo.br/j/rba/a/tdyXh8f5DbzhSTtbxTQzPhs/?lang=pt |
Edição das 16h57min de 12 de janeiro de 2024
Índice
Hérnia Diafragmática Congênita:
A Hérnia diafragmática congênita consiste em um defeito (orifício) no diafragma (músculo que separa as estruturas abdominais das torácicas), pelo qual os órgãos abdominais passam para o interior do tórax (Figura 1). A presença dessas vísceras abdominais na cavidade torácica impede o adequado crescimento e maturação dos pulmões.
De causa pouco conhecida, a incidência da HDC é de 1/2500 a 1/5000 nascidos vivos. Oitenta e quatro por cento das lesões são do lado esquerdo do diafragma, 13% são do lado direito e 3% são bilaterais. Em aproximadamente metade dos casos, são encontradas outras anomalias estruturais e/ou genéticas associadas, sendo a taxa de mortalidade neste grupo de 100%. Considerando-se somente os casos com HDC isolada (sem associação com outras alterações anatômicas fetais ou doenças genéticas), as taxas gerais de sobrevida neonatal variam de 50 a 90%.
Diagnóstico:
A ultrassonografia morfológica fetal de 1o trimestre (realizada de 11 a 13 semanas e 6 dias de gravidez) permite a suspeita ou mesmo a identificação (diagnóstico) da HDC. Na maioria dos casos, nesta fase ainda precoce da gravidez, a HDC não é visível com a ultrassonografia. No entanto, boa parte dos fetos que apresentam o defeito têm aumento da medida da translucência nucal (TN, líquido que fica na porção posterior do pescoço do feto, o mesmo usado para cálculo de risco para síndrome de Down), o que requer reavaliações ultrassonográficas mais frequentes e um detalhado exame morfológico de 2o trimestre. Assim sendo, mesmo que a HDC não seja confirmada no morfológico de 1o trimestre, com certeza será identificada em exames subsequentes.
O exame morfológico de 2o trimestre (18 a 24 semanas de gravidez) permite não somente a confirmação do diagnóstico da HDC, mas também a avaliação de algumas características associadas ao defeito que possibilitam a definição de prognósticos (evoluções mais prováveis). Isso contribui sobremaneira para a definição da melhor conduta a ser oferecida a cada gestante.
As características ultrassonográficas associadas à HDC, que são levadas em consideração para a definição de prognósticos, são a posição do fígado e uma medida chamada de relação pulmão/cabeça (RPC). Quando há herniação de parte do fígado para o interior do tórax e a medida da RPC é menor do que 1,0, a HDC é extremamente grave (mal prognóstico) e a possibilidade de sobrevida pós-natal é próxima de zero. Por outro lado, quando não há herniação hepática para o tórax, ou quando esta herniação ocorre, mas a RPC é igual ou maior do que 1,0, a HDC é menos grave (bom prognóstico) e a chance de sobrevida pós-natal chega a 70%.
Tratamentos:
As possibilidades de conduta para os casos de HDC consistem em tratamentos que iniciam antes do nascimento e se estendem ao período pós-natal, ou tratamentos realizados somente após o nascimento.
A experiência mundial sobre o tratamento da HDC sugere que o melhor caminho para os casos de HDC menos graves (bom prognóstico) seja somente a conduta pós-natal. Para os casos de HDC de mal prognóstico, a sugestão é que o tratamento inicie no pré-natal (com a oclusão traqueal endoscópica fetal ) e continue após o nascimento.
Os bebês que apresentam HDC de melhor prognóstico podem ser operados somente após o nascimento. Depois de um período de estabilização na UTI neonatal, a cirurgia definitiva de fechamento do diafragma é realizada pelo cirurgião pediátrico. A chance de sobrevida com alta do berçário para estas crianças fica em torno de 70%, pois há diferenças de conduta entre os diversos centros que recebem estes pacientes.
A oclusão endoscópica traqueal fetal é um procedimento utilizado para prevenir e até mesmo reverter a hipoplasia pulmonar, podendo levar ao retorno do crescimento pulmonar em fetos com hérnia diafragmática congênita (HDC).
A oclusão traqueal fetal temporária feita por meio da fetoscopia acelera o desenvolvimento pulmonar e reduz a mortalidade neonatal.
Geralmente é realizado entre a 24ª e 28ª semana de gestação.
A Cirurgia Fetal para correção de Hérnia Diafragmática Congênita é realizada por fetoscópia. Uma técnica endoscópica que utiliza um instrumento denominado fetoscópio para avaliar ou tratar o feto, durante o período gestacional. Considerada minimamente invasiva, a Oclusão traqueal fetal possibilita a expansão do pulmão comprimido. Assim, o procedimento é feito a partir da colocação de um balão endotraqueal. Só pode ser realizado em ambiente hospitalar. Geralmente, com a utilização de anestesia local e sedação para a gestante, e geral para o feto.
O procedimento não é padronizado no SUS.
Procedimentos Padronizados no SUS:
No SUS são disponibilizados procedimentos cirúrgicos pós natal:
04.07.04.004-8 - HERNIOPLASTIA DIAFRAGMATICA (VIA ABDOMINAL);
04.07.04.005-6 - HERNIOPLASTIA DIAFRAGMATICA (VIA TORACICA).
https://www.scielo.br/j/rba/a/tdyXh8f5DbzhSTtbxTQzPhs/?lang=pt