Mudanças entre as edições de "Tratamento Hospitalar do Paciente com Covid-19 - Assistência Hemodinâmica e Medicamentos Vasoativos"

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(Abordagem Terapêutica)
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==Abordagem Terapêutica==
 
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Os princípios gerais da ressuscitação hemodinâmica no paciente com COVID-19 são os mesmos utilizados para pacientes com outras doenças críticas. Assim, faz parte da avaliação inicial do paciente com COVID-19 que adentra o hospital a verificação do status hemodinâmico.
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O Capítulo 4 destas Diretrizes Brasileiras está estruturado nas seções contendo orientações sobre a ressuscitação inicial, monitorização hemodinâmica e estratégias farmacoterapêuticas, nos seguintes tópicos principais:
  
Além da monitorização da perfusão tecidual, recursos adicionais podem ser utilizados para melhor  avaliar o status hemodinâmico dos pacientes com disfunção cardiovascular.  
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- Os princípios gerais da ressuscitação hemodinâmica no paciente com COVID-19 são os mesmos utilizados para pacientes com outras doenças críticas. Assim, faz parte da avaliação inicial do paciente com COVID-19 que adentra o hospital a verificação do status hemodinâmico.  
  
A reposição com fluidos é um dos pilares do manejo hemodinâmico tanto para a ressuscitação inicial como para eventuais complicações que possam ocorrer durante a doença. Os cristaloides são o fluido de escolha. Recomendamos não utilizar hidroxietilamido para reposição do volume intravascular de pacientes com COVID-19 e sepse ou choque séptico.
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- Além da monitorização da perfusão tecidual, recursos adicionais podem ser utilizados para melhor  avaliar o status hemodinâmico dos pacientes com disfunção cardiovascular.  
  
A noradrenalina é capaz de produzir vasoconstrição com efeitos mínimos na frequência cardíaca podendo funcionar com inotrópico fraco. Existe vasta experiência clínica com sua utilização e estudos clínicos mostram sua superioridade em relação à dopamina e, possivelmente, em relação à adrenalina e à vasopressina. Assim, sugerimos usar noradrenalina como primeira opção de vasopressor para pacientes adultos com COVID-19 e hipotensão. Dopamina deve ser evitada como agente vasopressor, pelo maior risco de induzir taquiarritmias. No entanto, pode ser uma opção para pacientes com bradicardia associada à hipotensão ou em cenários de escassez de noradrenalina.
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-  reposição com fluidos é um dos pilares do manejo hemodinâmico tanto para a ressuscitação inicial como para eventuais complicações que possam ocorrer durante a doença. Os cristaloides são o fluido de escolha. Recomendamos não utilizar hidroxietilamido para reposição do volume intravascular de pacientes com COVID-19 e sepse ou choque séptico.
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- A noradrenalina é capaz de produzir vasoconstrição com efeitos mínimos na frequência cardíaca podendo funcionar com inotrópico fraco. Existe vasta experiência clínica com sua utilização e estudos clínicos mostram sua superioridade em relação à dopamina e, possivelmente, em relação à adrenalina e à vasopressina. Assim, sugerimos usar noradrenalina como primeira opção de vasopressor para pacientes adultos com COVID-19 e hipotensão. Dopamina deve ser evitada como agente vasopressor, pelo maior risco de induzir taquiarritmias. No entanto, pode ser uma opção para pacientes com bradicardia associada à hipotensão ou em cenários de escassez de noradrenalina.
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- Pacientes com choque séptico por COVID-19 podem apresentar disfunção miocárdica com consequente redução da oferta tecidual de oxigênio. Alguns destes pacientes podem se beneficiar de uso de inotrópicos.
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- O uso de corticosteroides em dose baixa em pacientes com choque séptico decorrente de outras infecções que não a COVID-19 tem sido alvo de controvérsia.
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- O uso de bicarbonato de sódio não é recomendado para pacientes com hipoperfusão e hiperlactatemia visando reduzir a dose de vasopressor quando o pH estiver acima de 7.20.
  
 
==Deliberação Final==
 
==Deliberação Final==

Edição das 19h12min de 1 de julho de 2025

Informações Sobre a Doença

A pandemia da COVID-19 impactou os sistemas de saúde em todo o mundo, sobrecarregando unidades hospitalares e desafiando a oferta de cuidado oportuno e qualificado. Embora a COVID-19 afete, principalmente, os pulmões, causando Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA), também pode afetar outros órgãos e desencadear alterações no sistema cardiovascular. Uma parcela dos pacientes com COVID-19 que necessitam hospitalização desenvolvem sepse, ou seja, disfunções orgânicas ameaçadoras à vida, dentre elas a disfunção do sistema cardiovascular. Pacientes com disfunção cardiovascular podem apresentam hipotensão ou sinais de hipoperfusão, requerendo monitoração e assistência hemodinâmica, podendo requerer fluidos, medicamentos vasoativos e terapia adjuvante como corticosteroides e bicarbonato.

Dados de internações por COVID-19 no SUS evidenciaram que características, como o aumento da idade, bem como o sexo masculino, etnia negra e parda e presença de doença cardiovascular, infecção bacteriana, insuficiência renal, câncer e infecção pelo HIV, aumentaram a probabilidade de letalidade hospitalar. Nesse sentido, torna-se essencial a aplicação de terapias de suporte eficazes e seguras, a fim de evitar a deterioração e a progressão de sintomas dos pacientes gravemente enfermos com COVID-19.

[1]

Diretrizes Brasileiras para Tratamento Hospitalar do Paciente com COVID-19 – Capítulo 4: Assistência hemodinâmica e medicamentos vasoativos

A PORTARIA SCTIE/MS nº 07/2022 - Publicada em 26/01/2022 [2] aprovou as Diretrizes Brasileiras para Tratamento Hospitalar do Paciente com COVID-19 – Capítulo 4: Assistência hemodinâmica e medicamentos vasoativos.

- Critérios de inclusão: estão contemplados nestas Diretrizes Brasileiras adultos, de ambos os sexos, em tratamento em instituições de saúde, com suspeita clínica ou diagnóstico confirmado de infecção pelo SARS-CoV-2.

- Critérios de exclusão: as presentes Diretrizes Brasileiras não abrangem pacientes em tratamento ambulatorial ou domiciliar.

Abordagem Terapêutica

O Capítulo 4 destas Diretrizes Brasileiras está estruturado nas seções contendo orientações sobre a ressuscitação inicial, monitorização hemodinâmica e estratégias farmacoterapêuticas, nos seguintes tópicos principais:

- Os princípios gerais da ressuscitação hemodinâmica no paciente com COVID-19 são os mesmos utilizados para pacientes com outras doenças críticas. Assim, faz parte da avaliação inicial do paciente com COVID-19 que adentra o hospital a verificação do status hemodinâmico.

- Além da monitorização da perfusão tecidual, recursos adicionais podem ser utilizados para melhor avaliar o status hemodinâmico dos pacientes com disfunção cardiovascular.

- reposição com fluidos é um dos pilares do manejo hemodinâmico tanto para a ressuscitação inicial como para eventuais complicações que possam ocorrer durante a doença. Os cristaloides são o fluido de escolha. Recomendamos não utilizar hidroxietilamido para reposição do volume intravascular de pacientes com COVID-19 e sepse ou choque séptico.

- A noradrenalina é capaz de produzir vasoconstrição com efeitos mínimos na frequência cardíaca podendo funcionar com inotrópico fraco. Existe vasta experiência clínica com sua utilização e estudos clínicos mostram sua superioridade em relação à dopamina e, possivelmente, em relação à adrenalina e à vasopressina. Assim, sugerimos usar noradrenalina como primeira opção de vasopressor para pacientes adultos com COVID-19 e hipotensão. Dopamina deve ser evitada como agente vasopressor, pelo maior risco de induzir taquiarritmias. No entanto, pode ser uma opção para pacientes com bradicardia associada à hipotensão ou em cenários de escassez de noradrenalina.

- Pacientes com choque séptico por COVID-19 podem apresentar disfunção miocárdica com consequente redução da oferta tecidual de oxigênio. Alguns destes pacientes podem se beneficiar de uso de inotrópicos.

- O uso de corticosteroides em dose baixa em pacientes com choque séptico decorrente de outras infecções que não a COVID-19 tem sido alvo de controvérsia.

- O uso de bicarbonato de sódio não é recomendado para pacientes com hipoperfusão e hiperlactatemia visando reduzir a dose de vasopressor quando o pH estiver acima de 7.20.

Deliberação Final

Os membros do Plenário da CONITEC, presentes na sua 102ª Reunião Ordinária, realizada nos dias 06 e 07 de outubro de 2021, deliberaram, por unanimidade, recomendar a aprovação das Diretrizes Brasileiras para Tratamento Hospitalar do paciente com COVID-19 – Capítulo 3: Controle da Dor, Sedação e Delirium em Pacientes sob Ventilação Mecânica Invasiva apresentadas no Relatório de Recomendação n° 672. Foi assinado o Registro de Deliberação nº 668/2021.

Referências

  1. Diretrizes Brasileiras para Tratamento Hospitalar do Paciente com COVID-19 – Capítulo 4: Assistência hemodinâmica e medicamentos vasoativos
  2. SCTIE/MS nº 07/2022 - Publicada em 26/01/2022