Mudanças entre as edições de "Teste Molecular ''Mycobacterium leprae'' para Diagnóstico de Hanseníase"

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==Informações Sobre a Doença==
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==Informações Sobre a Doença==  
  
 
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, crônica, de evolução lenta, provocada pelo ''Mycobacterium leprae'', um parasita intracelular obrigatório. É uma das doenças mais antigas da história da humanidade, também conhecida como lepra.
 
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, crônica, de evolução lenta, provocada pelo ''Mycobacterium leprae'', um parasita intracelular obrigatório. É uma das doenças mais antigas da história da humanidade, também conhecida como lepra.
  
Acomete especialmente pele, mucosas e nervos periféricos, ocasionando deformidades e incapacidades físicas com relevante impacto social, na
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Acomete especialmente pele, mucosas e nervos periféricos, ocasionando deformidades e incapacidades físicas com relevante impacto social, na qualidade de vida e autoestima dos pacientes, face a estigmatização da doença. Mesmo sendo uma doença milenar, ainda existem perguntas a serem respondidas devido a dificuldades quanto ao entendimento mais aprofundado sobre a transmissão, suscetibilidade, tropismo e acometimento neural, uma vez que o bacilo não se desenvolve in vitro.
qualidade de vida e autoestima dos pacientes, face a estigmatização da doença. Mesmo sendo uma doença milenar, ainda existem perguntas a serem respondidas devido a dificuldades quanto ao entendimento mais aprofundado sobre a transmissão, suscetibilidade, tropismo e acometimento neural, uma vez que o bacilo não se desenvolve in vitro.
 
  
 
Atualmente a estratégia global para hanseníase 2021-2030 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) redefiniu a meta para eliminação da doença, definida pela interrupção da transmissão e no alcance de zero infecção e doença, zero incapacidade, zero estigma e zero discriminação.
 
Atualmente a estratégia global para hanseníase 2021-2030 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) redefiniu a meta para eliminação da doença, definida pela interrupção da transmissão e no alcance de zero infecção e doença, zero incapacidade, zero estigma e zero discriminação.
  
 
Para o alcance da meta prevista pela OMS, torna-se imperativo investir em ações voltadas para o diagnóstico precoce, tratamento adequado com interrupção da cadeia de transmissão, impedindo o avanço da doença, com ações planejadas e direcionadas às populações em risco. Nessa perspectiva, este parecer tem como objetivo avaliar como método diagnóstico complementar o teste, reação em cadeia polimerase em tempo real (qPCR) colhido por meio de biópsia de pele ou nervos.  
 
Para o alcance da meta prevista pela OMS, torna-se imperativo investir em ações voltadas para o diagnóstico precoce, tratamento adequado com interrupção da cadeia de transmissão, impedindo o avanço da doença, com ações planejadas e direcionadas às populações em risco. Nessa perspectiva, este parecer tem como objetivo avaliar como método diagnóstico complementar o teste, reação em cadeia polimerase em tempo real (qPCR) colhido por meio de biópsia de pele ou nervos.  
<ref>[https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/relatrio_690_teste-molecular_hanseniase.pdf Relatório de recomentação para o Teste de detecção molecular qualitativa do Mycobacterium leprae para o diagnóstico de hanseníase] Acesso em 23/06/2025</ref>
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<ref>[https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/relatrio_690_teste-molecular_hanseniase.pdf Relatório de recomentação para o Teste de detecção molecular qualitativa do Mycobacterium leprae para o diagnóstico de hanseníase]</ref>
  
== O Relatório de recomentação para o Teste de detecção molecular qualitativa do Mycobacterium leprae para o diagnóstico de hanseníase ==
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== O Relatório de Recomentação para o Teste de Detecção Molecular Qualitativa do Mycobacterium leprae para o Diagnóstico de Hanseníase ==
  
A [https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/portaria/2021/20220103_portaria_78.pdf Portaria PORTARIA SCTIE/MS Nº 78, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2021] aprovou o [https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/relatrio_690_teste-molecular_hanseniase.pdf Relatório de recomentação para o Teste de detecção molecular qualitativa do Mycobacterium leprae para o diagnóstico de hanseníase].  
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A [https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/portaria/2021/20220103_portaria_78.pdf PORTARIA SCTIE/MS Nº 78, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2021]
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<ref>[https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/portaria/2021/20220103_portaria_78.pdf Portaria PORTARIA SCTIE/MS Nº 78, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2021]</ref> aprovou o [https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/relatrio_690_teste-molecular_hanseniase.pdf Relatório de recomentação para o Teste de detecção molecular qualitativa do Mycobacterium leprae para o diagnóstico de hanseníase].  
  
* '''Critérios de inclusão:'''  
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* '''Critérios de Inclusão:'''  
  
Serão incluídos no PCDT para tratamento com injeções intravítreas os pacientes com DMRI exsudativa que tenham mais de 60 anos, com melhor '''acuidade visual (AV) corrigida igual ou superior a 20/400 e igual ou inferior a 20/30, que apresentam lesão neovascular sub ou justafoveal confirmada por angiografia fluoresceínica ou tomografia de coerência óptica (TCO'''), com os seguintes achados:
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Esta PORTARIA SCTIE/MS Nº 78, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2021 Tornou pública a decisão de incorporar, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, o teste de biologia molecular de reação em cadeia polimerase em tempo real (qPCR) para a detecção qualitativa de marcadores específicos do material genético de Mycobacterium leprae para diagnóstico de hanseníase, em amostras de biopsia de pele ou de nervos.
  
- à angiografia fluoresceínica: formação neovascular clássica ou oculta;
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Conforme determina o art. 25 do Decreto nº 7.646/2011, as áreas técnicas terão o prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias para efetivar a oferta no SUS.
  
- à TCO: lesão hiper-refletida sub-retiniana associada a líquido sub ou intrarretiniano, ou descolamento do EPR (DEP) associado a líquido sub ou intrarretiniano sem outra causa aparente além de membrana neovascular oculta, ou lesão tipo RAP associada a líquido intrarretiniano ou DEP;
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==Descrição Técnica da Tecnologia==
  
Pacientes com '''membranas extrafoveais''' devem ser tratados conforme o protocolo de tratamento por '''fotocoagulação.'''
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Tipo Teste de Biologia Molecular
  
* '''Critérios de exclusão:'''
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- Princípio do teste/método diagnóstico/procedimento Molecular, qPCR - Reação em Cadeia Polimerase em tempo real permite detecção de
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marcadores específicos do material genético de ''Mycobacterium leprae''.Teste qualitativo (atesta presença ou ausência do alvo na amostra)
  
Serão excluídos do Protocolo de tratamento com antiangiogênicos pacientes com DMRI que apresentarem toxicidade (intolerância, hipersensibilidade ou outro evento adverso) ou contraindicação absoluta ao uso dos respectivos medicamentos ou procedimentos preconizados no Protocolo, e os pacientes que apresentarem '''membrana neovascular com cicatriz disciforme envolvendo a área foveal que impossibilite melhora significativa da acuidade visual, ou AV inferior a 20/400 ou superior a 20/30.'''
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- Nome comercial KIT NAT Hanseníase
  
==Diagnóstico da DMRI==
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- Apresentação Módulo de amplificação para a detecção de 31 amostras em triplicata:
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Controle Positivo em reação única e controle negativo em duplicata;
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01 frasco com 1100 0 µL de Água RNase Free;
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01 frasco com 900 µL de Mistura de PCR;
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01 frasco com 110 µL de OligoMix;
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01 frasco com 20 µL de Controle Negativo;
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01 frasco com 20 µL de Controle Positivo.
  
* '''Diagnóstico clínico:''' realizado por meio de exame oftalmológico completo e, principalmente, por biomicroscopia do segmento posterior. Os achados de alterações maculares incluem: drusas, alterações pigmentares do EPR, hemorragia e exsudatos duros intra- ou sub-retinianos, descolamento seroso da retina, descolamento do EPR, lesões fibróticas e atrofia geográfica. Os principais sintomas são a piora da visão central e a metamorfopsia.
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- Fabricante INSTITUTO DE BIOLOGIA MOLECULAR DO PARANÁ – IBMP CNPJ: 03.585.986/0001-05
  
* '''Diagnóstico complementar:''' a retinografia fluorescente (RF) ou angiografia fluoresceínica e tomografia de coerência óptica (TCO) são os exames complementares preconizados para avaliação do paciente com DMRI exsudativa. Além de serem importantes na confirmação do diagnóstico, podem localizar anatomicamente a lesão neovascular, servindo de base para uma melhor escolha e monitorização do tratamento.
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- Registro na Anvisa nº 80780040007 - válido: 24/05/2031
  
== Tratamentos disponíveis no SUS ==
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- Indicação Detecção qualitativa de material genético de ''Mycobacterium leprae'' em DNA total como auxiliar e/ou confirmar o diagnóstico clínico de Hanseníase.
  
* Fotocoagulação ''a laser'';
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- Parâmetro mensurado DNA total extraído de biópsia de pele ou nervos. 2-6 mm de amostra coletada por punch - conservar em etanol 70% e armazenar a -20°C até o momento da extração de DNA.
  
* '''Medicamentos de uso intravítreo no SUS:'''
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- Padrão ouro Avaliação clínica, dermatoneurológica.
  
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – [[CONITEC]] publicou o [https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/20210510_relatorio_608_aflibercepte_e_ranibizumabe_dmri.pdf Relatório de Recomendação nº 608], aprovado pelo Ministério da Saúde por meio da [https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/portaria/2021/20210510_portaria_18.pdf Portaria SCTIE/MS nº 18, de 7 de maio de 2021], com a decisão de incorporar o aflibercepte e ranibizumabe para tratamento de Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) neovascular em pacientes acima de 60 anos, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, conforme Protocolo do Ministério da Saúde e Assistência Oftalmológica no SUS.
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- Limite de detecção o limite de detecção calculado com 95% de probabilidade (LOD95) para o KIT BIOMOL Hanseníase é aproximadamente 3.800 fg µL para 16S e 55 fg/µL para RLEP. Para fins de testesno controle de qualidade, os limites de detecção obtidos utilizando o controle sintético para 16S e RLEP foram, respectivamente, 204 e 194,5 cópias/reação.
  
A [https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-638-de-28-de-marco-de-2022-389266816 Portaria GM/MS nº 638, de 28 de março de 2022], incluiu o procedimento 03.03.05.023-3 Tratamento Medicamentoso de Doença da Retina, que consiste na aplicação intravítrea de medicamento antiangiogênico para tratamento da Degeneração Macular Relacionada à Idade – DMRI (CID10 H35.3) e do Edema Macular associado à Retinopatia Diabética (CID10 H36.0), que deverá ser realizado conforme Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da [https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/20221216_pcdt-dmri.pdf DMRI] e da [https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/20211220_portal_retinopatia_diabetica.pdf Retinopatia Diabética] do Ministério da Saúde. O procedimento binocular inclui a injeção intravítrea.  
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- Descrição do resultado 16SrRNA < 35,5 e RLEP < 34,5 = Positiva para DNA de M. leprae
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16SrRNA < 35,5 e RLEP ≥ 34,5 = Negativa para DNA de ''M. leprae''
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16SrRNA ≥ 35,5 e RLEP < 34,5 = Equivocal
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16SrRNA ≥ 35,5 e RLEP ≥ 34,5 = Negativa para DNA de ''M. leprae''
  
'''Na reunião de março de 2022 da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) de Santa Catarina, ocorreu a aprovação da inclusão deste procedimento na Programação de Cirurgias Eletivas, retificando a [https://www.saude.sc.gov.br/index.php/legislacao/deliberacoes-cib/deliberacoes-2021-cib/17780-008-02-2021-campanha-de-cirurgias-eletivas-2021-retificada-em-23-06-2022/file Deliberação CIB nº 08/2021]. O procedimento deverá ser processado por meio de Autorização de Procedimentos de Alta Complexidade (APAC) com financiamento federal pelo Fundo de Ações Estratégicas e Compensação (FAEC) e com incremento estadual. Desta forma, todos os prestadores SUS que estiverem aptos a realizar o procedimento clínico da aplicação deste medicamento, o que inclui também o fornecimento do medicamento, poderão realizar com custeio federal e estadual por meio da apresentação da produção no SUS. Para ser considerada apta a unidade deve possuir no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), o Serviço de Classificação 131-002 -Tratamento Clínico do Aparelho da Visão.'''
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- Equipamento - Equipamento - 7500 Real-Time PCR (Applied Biosystems) - Kit DNeasy Blood & Tissue Kit (Qiagen) validado para a extração do DNA.
  
O paciente deve procurar a Secretaria Municipal de Saúde de seu município para inserção no Sistema Nacional de Regulação (SISREG) na especialidade Consulta em Oftalmologia – Retina Geral. A solicitação será regulada pela Comissão Médica Estadual de Regulação (COMRE) conforme o grau de risco e protocolos de acesso. Na eventual autorização da consulta de avaliação, havendo necessidade do tratamento oftalmológico com medicamento antiangiogênico, os agendamentos serão efetuados internamente através da Unidade Hospitalar prestadora do serviço. * [[Acesso ao procedimento de aplicação intravítrea de medicamento antiangiogênico|Clique aqui]] para mais informações acerca do acesso ao procedimento de aplicação intravítrea de medicamento antiangiogênico no SUS.
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- Preço proposto demandante R$ 97,00 cada módulo de amplificação para a detecção de 31 amostras em triplicata.
  
==Tempo de tratamento - Critérios de interrupção==
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==Diagnóstico da Hanseníase==
  
* redução na melhor acuidade visual corrigida no olho tratado para menos de 15 letras em 2 visitas consecutivas, devida a DMRI;
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* '''Diagnóstico Clínico:''' a hanseníase é uma doença de notificação compulsória e investigação obrigatória em todo o país. Apresenta
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amplo espectro de manifestações clínicas e histopatológicas influenciadas grandemente pelos diferentes padrões de resposta imunológica individual frente à infecção. Os órgãos principalmente acometidos são pele, mucosas, nervos periféricos e sistema reticulo endotelial. Entretanto, também pode ocorrer acometimento dos ossos, visão, articulações, trato respiratório superior, testículos e glândulas adrenais. O período de incubação da hanseníase é longo variando de 2 a 7 anos, uma vez que o bacilo se desenvolve lentamente.
  
* redução na melhor acuidade visual corrigida no olho tratado de 30 letras comparado ao início do tratamento ou à melhora da acuidade atingida desde o início do tratamento;
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As lesões cutâneas mais comuns são: manchas esbranquiçadas ou avermelhadas, sem relevo; pápulas (lesões sólidas, com elevação superficial e circunscrita; infiltrações), tubérculos (lesões sólidas e elevadas semelhantes a caroços externos) e nódulos. Dentre os sinais e sintomas  neurológicos estão as neurites, lesões decorrentes de inflamações dos nervos periféricos, que são causados tanto pela ação direta do bacilo nos nervos, como por uma resposta do organismo ao bacilo.
  
* evidência de deterioração da lesão neovascular a despeito de tratamento otimizado (exemplos de evidências incluem aumento do tamanho da lesão à angiofluoresceinografia e piora dos indicadores de tomografia de coerência óptica da atividade da lesão).
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Atualmente existem dois sistemas de classificação da hanseníase amplamente aceitos e utilizados para nortear condutas e definir diagnóstico. A primeira é a classificação de Ridley Jopling, de 1966, baseada em manifestações clínicas, características histopatológicas e índice baciloscópico (IB), categorizando diferentes tipos de hanseníase ao longo de um espectro, com as formas polares e estáveis - tuberculoide (TT) e lepromatosa ou virchowiana (LL), e as formas instáveis borderline, que apresentam variabilidade clínica e imunológica, divididas em borderline tuberculoide (BT), borderline borderline (BB) e borderline lepromatosa (BL).
  
Os pacientes '''sem resposta a três aplicações de antiangiogênico''' deverão ter o '''diagnóstico revisado''' e, caso confirmado, avaliações e tratamentos '''mensais poderão ser mantidos até''' que se completem '''24 semanas (cerca de 6 meses''' ou 180 dias) do início do tratamento. Inexistindo resposta nesse período, deverá ser considerada a suspensão do tratamento com injeções de aflibercepte e ranibizumabe.
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A segunda classificação é da OMS e leva em conta o número de lesões cutâneas e o índice baciloscópico. Os pacientes são classificados como hanseníase paucibacilar (PB) quando o número de lesões cutâneas é de 1 a 5, e como hanseníase multibacilar (MB) quando o número de lesões cutâneas é superior a 5, ou com baciloscopia positiva, independentemente do número de lesões cutâneas.  
  
==Benefícios esperados==
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Para um diagnóstico clínico mais assertivo é fundamental o conhecimento quanto ao espectro da patologia, permitindo relacionar o curso da doença com a extensão do envolvimento neural, característico de cada forma clínica da hanseníase.
  
O objetivo do tratamento é estabilizar a evolução da doença, definida como a não piora da acuidade visual de 15 letras relativamente ao início do tratamento, de preferência com a cicatrização ou interrupção da atividade da membrana neovascular. Em cerca de um terço dos casos, ocorre melhora da acuidade visual inicial.
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* '''Diagnóstico Laboratorial Específico:''' até o momento não existe nenhum teste que seja suficientemente acurado para o diagnóstico da  
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hanseníase, uma vez que existem amplas variações da forma clínica, que impactam diretamente na capacidade diagnóstica de cada exame. Ademais, não existem testes para diagnosticar casos assintomáticos ou para prever a progressão da doença em indivíduos expostos, representando um grande desafio para o controle da doença. Desse modo, a confirmação do caso tem sido feita com base na combinação de avaliação clínica dermatoneurológica e baciloscópica, quando disponível. A detecção precoce dos casos e o tratamento oportuno e adequado são essenciais para a interrupção da cadeia de transmissão da doença. A proposta é a inclusão do teste rápido em linha com a baciloscopia e o PCR.
  
==Monitorização==
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A baciloscopia e a histopatologia (biópsia) fazem parte do pequeno grupo de exames laboratoriais utilizados na rotina para auxiliar no diagnóstico da hanseníase, a baciloscopia está indicada em caso de dúvida na classificação para instituição do tratamento, no diagnóstico diferencial com outras doenças dermatológicas e em casos suspeitos de recidiva. O M. leprae pode ser encontrado na microscopia de raspados de tecido dérmico de qualquer lesão suspeita, lóbulos da orelha ou dos cotovelos, já o histopatológico é empregado em casos que persistem indefinidos mesmo após a avaliação clínica e laboratorial de rotina.
  
A monitorização do tratamento deverá ser realizada por meio de exames clínicos (acuidade visual corrigida e biomicroscopia do segmento posterior sob midríase) e TCO conforme o esquema de tratamento escolhido, podendo variar de 04 até 16 semanas. Retinografia fluorescente (angiografia fluoresceínica) pode ser solicitada na suspeita de aparecimento de novas membranas neovasculares ou em casos em que seja necessário revisar o diagnóstico.
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Os testes sorológicos com a detecção de anticorpos IgM anti-PGL-I não pode ser utilizada como um teste de diagnóstico, pois ele não faz a definição de casos, mas pode ser utilizado como diagnóstico complementar combinando seus resultados com outros dados clínicos e diagnósticos.
  
Para o seguimento dos pacientes, do ponto de vista prático, deve-se realizar no mínimo medida da acuidade visual, mapeamento de retina e tomografia de coerência óptica (TCO).
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O desafio de identificar os bacilos em lesões paucibacilares, em contactantes domiciliares de pacientes com hanseníase ou em infecções subclínicas começou a ser superado com o desenvolvimento da técnica de reação em cadeia polimerase - PCR. Em linhas gerais, a técnica consiste na extração, amplificação e identificação de DNA do ''M. leprae'' em amostras clínicas extraídas de pele, nervos, sangue periférico e em vários tipos diferentes de amostras, como urina, raspados orais ou nasais e lesões oculares (34). A detecção do material genético do M. leprae em casos de difícil diagnóstico como em pacientes com baciloscopia negativa ou histopatologia inconclusiva por meio da PCR, surgiu como a possibilidade de um método promissor no alcance do diagnóstico correto com a possibilidade de identificar a doença precocemente.
 
 
'''Os ensaios clínicos randomizados (ECR) descreveram três esquemas de administração de antiangiogênicos distintos:'''
 
 
 
Para todas modalidades de tratamento, inicia-se com a carga inicial ("loading dosage") de três (3) aplicações a intervalos de 4 semanas.
 
 
 
a) Esquema fixo: esquema de injeções fixas mensais; todo mês é realizada consulta e aplicação do medicamento. Esquema com muito baixa adesão e alta carga para o paciente.
 
 
 
b) Esquema Pro Re Nata (PRN): esquema de injeções conforme a necessidade ou “as needed”; consultas são mensais, porém só se trata se houver recrudescimento na OCT. Isso pode gerar efeito sanfona e perda visual, além de o paciente não saber se vai ou não receber tratamento em dada visita. Carga do tratamento muito alta. 
 
 
 
c) Esquema Tratar e Estender (TES): esquema de injeções com intervalos de tempo flexíveis conforme resposta ao tratamento (TREX: Treat and Extend). Se na consulta com intervalo de 4 semanas não houve piora, aumenta-se o espaçamento em 2 semanas. Caso volte edema, encurta-se em 2 semanas. Aqui há o risco de se tratar a menos e assim ocorrer perda visual. Porém, reduz-se muito as visitas e assim a carga do tratamento.
 
 
 
Em meta-análise autores concluíram que, apesar da vantajosa redução do número de aplicações no esquema Pro Re Nata, há perda na AV em relação ao tratamento com injeções mensais. Por outro lado, três ensaios clínicos não demonstraram diferença significativa em relação ao desfecho funcional e anatômico entre o esquema tratar e estender e o uso de injeções mensais fixas no primeiro ano de tratamento. Há muita controvérsia na literatura em relação a qual esquema seguir no longo prazo. Cabe ressaltar que, até o momento, não há ECR com mais de 24 meses de acompanhamento. Além disso, estudos de extensão de ECR (abertos) apontam para uma piora progressiva dos resultados funcionais e anatômicos ao longo dos anos. Não sabemos se a piora em longo prazo é resultado de um esquema de administração mais flexível ou de uma limitação desta classe de medicamentos, pois boa parte dos pacientes desenvolveram ou pioraram a atrofia geográfica com o passar dos anos.
 
 
 
Na prática médica, as particularidades de cada paciente, a evolução clínica e o perfil de cada serviço de saúde irão nortear a frequência de aplicação de anti-VEGF. Ademais, considerando a frequência de comparecimento ao serviço, alguns desses esquemas, os quais consideram visitas com intervalo de tempo menor, podem não ser factíveis, devido à capacidade de atendimento dos centros especializados em que a aplicação é feita.
 
 
 
Sendo assim, os esquemas de administração descritos devem ser adequados às diversas necessidades possíveis, conforme o perfil do paciente e a autonomia do médico. A dose intravítrea a ser aplicada, por olho, é de 2 mg de aflibercepte, 0,5 mg de ranibizumabe e 1,25 mg de bevacizumabe.
 
  
 
== Referências ==
 
== Referências ==
  
 
<references/>
 
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Edição atual tal como às 18h11min de 24 de junho de 2025

Informações Sobre a Doença

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, crônica, de evolução lenta, provocada pelo Mycobacterium leprae, um parasita intracelular obrigatório. É uma das doenças mais antigas da história da humanidade, também conhecida como lepra.

Acomete especialmente pele, mucosas e nervos periféricos, ocasionando deformidades e incapacidades físicas com relevante impacto social, na qualidade de vida e autoestima dos pacientes, face a estigmatização da doença. Mesmo sendo uma doença milenar, ainda existem perguntas a serem respondidas devido a dificuldades quanto ao entendimento mais aprofundado sobre a transmissão, suscetibilidade, tropismo e acometimento neural, uma vez que o bacilo não se desenvolve in vitro.

Atualmente a estratégia global para hanseníase 2021-2030 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) redefiniu a meta para eliminação da doença, definida pela interrupção da transmissão e no alcance de zero infecção e doença, zero incapacidade, zero estigma e zero discriminação.

Para o alcance da meta prevista pela OMS, torna-se imperativo investir em ações voltadas para o diagnóstico precoce, tratamento adequado com interrupção da cadeia de transmissão, impedindo o avanço da doença, com ações planejadas e direcionadas às populações em risco. Nessa perspectiva, este parecer tem como objetivo avaliar como método diagnóstico complementar o teste, reação em cadeia polimerase em tempo real (qPCR) colhido por meio de biópsia de pele ou nervos. [1]

O Relatório de Recomentação para o Teste de Detecção Molecular Qualitativa do Mycobacterium leprae para o Diagnóstico de Hanseníase

A PORTARIA SCTIE/MS Nº 78, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2021 [2] aprovou o Relatório de recomentação para o Teste de detecção molecular qualitativa do Mycobacterium leprae para o diagnóstico de hanseníase.

  • Critérios de Inclusão:

Esta PORTARIA SCTIE/MS Nº 78, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2021 Tornou pública a decisão de incorporar, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, o teste de biologia molecular de reação em cadeia polimerase em tempo real (qPCR) para a detecção qualitativa de marcadores específicos do material genético de Mycobacterium leprae para diagnóstico de hanseníase, em amostras de biopsia de pele ou de nervos.

Conforme determina o art. 25 do Decreto nº 7.646/2011, as áreas técnicas terão o prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias para efetivar a oferta no SUS.

Descrição Técnica da Tecnologia

Tipo Teste de Biologia Molecular

- Princípio do teste/método diagnóstico/procedimento Molecular, qPCR - Reação em Cadeia Polimerase em tempo real permite detecção de marcadores específicos do material genético de Mycobacterium leprae.Teste qualitativo (atesta presença ou ausência do alvo na amostra)

- Nome comercial KIT NAT Hanseníase

- Apresentação Módulo de amplificação para a detecção de 31 amostras em triplicata: Controle Positivo em reação única e controle negativo em duplicata; 01 frasco com 1100 0 µL de Água RNase Free; 01 frasco com 900 µL de Mistura de PCR; 01 frasco com 110 µL de OligoMix; 01 frasco com 20 µL de Controle Negativo; 01 frasco com 20 µL de Controle Positivo.

- Fabricante INSTITUTO DE BIOLOGIA MOLECULAR DO PARANÁ – IBMP CNPJ: 03.585.986/0001-05

- Registro na Anvisa nº 80780040007 - válido: 24/05/2031

- Indicação Detecção qualitativa de material genético de Mycobacterium leprae em DNA total como auxiliar e/ou confirmar o diagnóstico clínico de Hanseníase.

- Parâmetro mensurado DNA total extraído de biópsia de pele ou nervos. 2-6 mm de amostra coletada por punch - conservar em etanol 70% e armazenar a -20°C até o momento da extração de DNA.

- Padrão ouro Avaliação clínica, dermatoneurológica.

- Limite de detecção o limite de detecção calculado com 95% de probabilidade (LOD95) para o KIT BIOMOL Hanseníase é aproximadamente 3.800 fg µL para 16S e 55 fg/µL para RLEP. Para fins de testesno controle de qualidade, os limites de detecção obtidos utilizando o controle sintético para 16S e RLEP foram, respectivamente, 204 e 194,5 cópias/reação.

- Descrição do resultado 16SrRNA < 35,5 e RLEP < 34,5 = Positiva para DNA de M. leprae 16SrRNA < 35,5 e RLEP ≥ 34,5 = Negativa para DNA de M. leprae 16SrRNA ≥ 35,5 e RLEP < 34,5 = Equivocal 16SrRNA ≥ 35,5 e RLEP ≥ 34,5 = Negativa para DNA de M. leprae

- Equipamento - Equipamento - 7500 Real-Time PCR (Applied Biosystems) - Kit DNeasy Blood & Tissue Kit (Qiagen) validado para a extração do DNA.

- Preço proposto demandante R$ 97,00 cada módulo de amplificação para a detecção de 31 amostras em triplicata.

Diagnóstico da Hanseníase

  • Diagnóstico Clínico: a hanseníase é uma doença de notificação compulsória e investigação obrigatória em todo o país. Apresenta

amplo espectro de manifestações clínicas e histopatológicas influenciadas grandemente pelos diferentes padrões de resposta imunológica individual frente à infecção. Os órgãos principalmente acometidos são pele, mucosas, nervos periféricos e sistema reticulo endotelial. Entretanto, também pode ocorrer acometimento dos ossos, visão, articulações, trato respiratório superior, testículos e glândulas adrenais. O período de incubação da hanseníase é longo variando de 2 a 7 anos, uma vez que o bacilo se desenvolve lentamente.

As lesões cutâneas mais comuns são: manchas esbranquiçadas ou avermelhadas, sem relevo; pápulas (lesões sólidas, com elevação superficial e circunscrita; infiltrações), tubérculos (lesões sólidas e elevadas semelhantes a caroços externos) e nódulos. Dentre os sinais e sintomas neurológicos estão as neurites, lesões decorrentes de inflamações dos nervos periféricos, que são causados tanto pela ação direta do bacilo nos nervos, como por uma resposta do organismo ao bacilo.

Atualmente existem dois sistemas de classificação da hanseníase amplamente aceitos e utilizados para nortear condutas e definir diagnóstico. A primeira é a classificação de Ridley Jopling, de 1966, baseada em manifestações clínicas, características histopatológicas e índice baciloscópico (IB), categorizando diferentes tipos de hanseníase ao longo de um espectro, com as formas polares e estáveis - tuberculoide (TT) e lepromatosa ou virchowiana (LL), e as formas instáveis borderline, que apresentam variabilidade clínica e imunológica, divididas em borderline tuberculoide (BT), borderline borderline (BB) e borderline lepromatosa (BL).

A segunda classificação é da OMS e leva em conta o número de lesões cutâneas e o índice baciloscópico. Os pacientes são classificados como hanseníase paucibacilar (PB) quando o número de lesões cutâneas é de 1 a 5, e como hanseníase multibacilar (MB) quando o número de lesões cutâneas é superior a 5, ou com baciloscopia positiva, independentemente do número de lesões cutâneas.

Para um diagnóstico clínico mais assertivo é fundamental o conhecimento quanto ao espectro da patologia, permitindo relacionar o curso da doença com a extensão do envolvimento neural, característico de cada forma clínica da hanseníase.

  • Diagnóstico Laboratorial Específico: até o momento não existe nenhum teste que seja suficientemente acurado para o diagnóstico da

hanseníase, uma vez que existem amplas variações da forma clínica, que impactam diretamente na capacidade diagnóstica de cada exame. Ademais, não existem testes para diagnosticar casos assintomáticos ou para prever a progressão da doença em indivíduos expostos, representando um grande desafio para o controle da doença. Desse modo, a confirmação do caso tem sido feita com base na combinação de avaliação clínica dermatoneurológica e baciloscópica, quando disponível. A detecção precoce dos casos e o tratamento oportuno e adequado são essenciais para a interrupção da cadeia de transmissão da doença. A proposta é a inclusão do teste rápido em linha com a baciloscopia e o PCR.

A baciloscopia e a histopatologia (biópsia) fazem parte do pequeno grupo de exames laboratoriais utilizados na rotina para auxiliar no diagnóstico da hanseníase, a baciloscopia está indicada em caso de dúvida na classificação para instituição do tratamento, no diagnóstico diferencial com outras doenças dermatológicas e em casos suspeitos de recidiva. O M. leprae pode ser encontrado na microscopia de raspados de tecido dérmico de qualquer lesão suspeita, lóbulos da orelha ou dos cotovelos, já o histopatológico é empregado em casos que persistem indefinidos mesmo após a avaliação clínica e laboratorial de rotina.

Os testes sorológicos com a detecção de anticorpos IgM anti-PGL-I não pode ser utilizada como um teste de diagnóstico, pois ele não faz a definição de casos, mas pode ser utilizado como diagnóstico complementar combinando seus resultados com outros dados clínicos e diagnósticos.

O desafio de identificar os bacilos em lesões paucibacilares, em contactantes domiciliares de pacientes com hanseníase ou em infecções subclínicas começou a ser superado com o desenvolvimento da técnica de reação em cadeia polimerase - PCR. Em linhas gerais, a técnica consiste na extração, amplificação e identificação de DNA do M. leprae em amostras clínicas extraídas de pele, nervos, sangue periférico e em vários tipos diferentes de amostras, como urina, raspados orais ou nasais e lesões oculares (34). A detecção do material genético do M. leprae em casos de difícil diagnóstico como em pacientes com baciloscopia negativa ou histopatologia inconclusiva por meio da PCR, surgiu como a possibilidade de um método promissor no alcance do diagnóstico correto com a possibilidade de identificar a doença precocemente.

Referências

  1. Relatório de recomentação para o Teste de detecção molecular qualitativa do Mycobacterium leprae para o diagnóstico de hanseníase
  2. Portaria PORTARIA SCTIE/MS Nº 78, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2021