Litíase urinária
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[ocultar]Investigação[1]
A nefrolitíase é uma das condições clínico-cirúrgicas mais frequentes, caracterizada pelo surgimento de estruturas sólidas/cristalinas no interior do sistema urinário. A prevalência da doença litiásica continua a aumentar globalmente, principalmente nos últimos anos, em ambos os sexos e em todas as etnias. Estima-se que afete 10% a 15% da população.
A ultrassonografia, em conjunto com a radiografia simples do abdome, pode ser considerada a modalidade inicial para a cólica nefrética. A radiografia simples de abdome (Rx) é frequentemente utilizada porque cerca de 90% dos cálculos renais têm densidade radiopaca. Para ser visível, é necessário que o cálculo tenha pelo menos 2 mm em seu maior diâmetro. No entanto, as radiografias simples têm limitações de sensibilidade para detectar cálculos ureterais. A ultrassonografia pode detectar todos os tipos de cálculos renais, independentemente da radiopacidade, além de avaliar a presença e o grau de eventual hidronefrose.
A tomografia computadorizada, preferencialmente em protocolo de baixa dose, fornece informações para confirmação diagnóstica e decisão terapêutica, com vantagens nos casos de identificação de cálculos em região ureteral, bem como de determinar a repercussão do cálculo sugerindo ou não obstrução.
Tratamento Clínico (conservador, sem cirurgia)
O alívio da dor é o primeiro passo terapêutico no manejo da cólica renal.
Os antiinflamatórios não hormonais (AINH) são eficazes no tratamento da cólica renal e superiores aos opioides. O uso de opioides para o manejo de cólica renal deve ser minimizado. O uso da dipirona seja em associação com a hioscina ou isoladamente, tem bons resultados, apesar dos efeitos colaterais relacionados à sonolência.
A hidratação intravenosa com o único propósito de promover a passagem forçada de cálculos deveser evitada. O papel da terapia médica expulsiva (TEM) na promoção da passagem espontânea de cálculos renais é controverso, mas a literatura atual sugere benefício em cálculos ureterais distais, com tamanho entre 5 e 10 mm. As vantagens e desvantagens da TEM devem ser discutidas com o paciente em um processo de tomada de decisão compartilhada.
Mediante a manutenção da dor lombar, apesar do tratamento medicamentoso, deve-se proceder à drenagem da unidade renal obstruída (cateter ureteral ou nefrostomia percutânea) ou a remoção do cálculo.
* O PAPEL DAS MEDICAÇÕES NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA LITÍASE[2]
Estudos de tratamento medicamentoso para litíase sugerem que ocorre redução na formação de cálculos, porém estes são estudos com poucos pacientes e evolução menor de 3 anos. As medicações utilizadas apresentam efeitos colaterais consideráveis, sendo sugerido que elas sejam prescritas quando ocorrer a formação recorrente de cálculos. Por outro lado, a litotripsia extracorpórea por ondas de choque também tem efeitos colaterais importantes, que apesar de pouco freqüentes, podem ser graves. Deste modo, as medidas dietéticas e a prescrição criteriosa do tratamento medicamentoso devem ser a escolha preferencial para prevenção de futuros eventos litiásicos, até que novas drogas com menor potencial nocivo sejam desenvolvidas.
Na era dos tratamentos minimamente invasivos e de baixa morbidade, procura-se utilizar o menor número de drogas possível. Estas
devem ser prescritas para pacientes com elevada recorrência, risco cirúrgico alto e quando não há adesão ao tratamento dietético.
A mudança do estilo de vida deve ser enfatizada.
Tratamento intervencionista[3]
Os avanços técnicos e tecnológicos tem promovido mudanças significativas no tratamento dos cálculos urinários. Atualmente, sempre que possível, procura-se tratar os cálculos do trato urinário de maneira minimamente invasiva. Estas propiciam as seguintes vantagens: ausência ou cicatrizes muito pequenas, menor período de hospitalização, menos dor no pós operatório, menor período de convalescência, retorno mais precoce às atividades profissionais e melhor satisfação para o paciente.
As cirurgias minimamente invasivas utilizadas no tratamento dos cálculos do trato urinário são: litotripsia extracorpórea por ondas de choque (LECO), nefrolitotripsia percutânea (PCN), ureterolitotripsia transureteroscópica (UL) e ureterolitotomia laparoscópica (ULL). As cirurgias convencionais (CC) ainda tem lugar no tratamento dos cálculos urinários, entretanto em um pequeno número de pacientes.
O tratamento dos cálculos do trato urinário pode ser determinado pelos sintomas, grau de obstrução, tamanho, localização e associação com infecção . Considera-se também a segurança do procedimento, conforto do paciente, tempo de recuperação e os custos.
Os cálculos do trato urinário menores de até quatro milímetros (mm) no maior diâmetro têm grande probabilidade de serem eliminados espontaneamente e podem na maioria dos casos, aguardar que isso ocorra naturalmente.
O tratamento no SUS
Tanto o tratamento clínico (conservador) quanto o cirúrgico são disponibilizados gratuitamente pelo SUS.
Dentre as diversas modalidades cirúrgicas disponíveis, destacamos as abaixo, extraídas do Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS (SIGTAP)[4]:
Código | Descrição |
---|---|
0409010146 | EXTRACAO ENDOSCOPICA DE CALCULO EM PELVE RENAL |
0409010154 | EXTRACAO ENDOSCOPICA DE CORPO ESTRANHO / CALCULO EM URETER |
0409020036 | EXTRACAO ENDOSCOPICA DE CORPO ESTRANHO / CALCULO NA URETRA C/ CISTOSCOPIA |
0409010189 | LITOTRIPSIA |
0309030129 | LITOTRIPSIA EXTRACORPOREA (ONDA DE CHOQUE PARCIAL / COMPLETA EM 1 REGIAO RENAL) |
0409010235 | NEFROLITOTOMIA PERCUTANEA |
0409010316 | PIELOLITOTOMIA |
0409010391 | RETIRADA PERCUTANEA DE CALCULO URETERAL C/ CATETER |
0409010561 | URETEROLITOTOMIA |
0409020184 | URETROTOMIA P/ RETIRADA DE CALCULO OU CORPO ESTRANHO |
Referências
- Ir para cima ↑ Guideline Resumido da European Association of Urology, 2018
- Ir para cima ↑ Lemos GC, Schor N. Litíase Urinária: Aspectos Metabológicos em Adultos e Crianças. Sociedade Brasileira de Urologia. Projeto Diretrizes. Associação Médica Brasileira. Conselho Federal de Medicina. São Paulo. jun/2006.
- Ir para cima ↑ Sociedade Brasileira de Nefrologia. Diretrizes de Litíase Renal
- Ir para cima ↑ Disponível em: http://sigtap.datasus.gov.br
5. Sociedade Brasileira de Nefrologia • Braz. J. Nephrol. 47 (2) • Apr-Jun 2025 https://doi.org/10.1590/2175-8239-JBN-2024-0189pt